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sexta-feira, 4 de março de 2011

RUSSIAN AIRCRAFT CORPORATION MIG-35 FULCRUM F. O super Fulcrum




A empresa Russian Aircraft Corporation (RAC), atual fabricantes dos lendários caças MIG, tem perdido espaço no mercado de caças a algum tempo, principalmente para um produto de seu próprio país, o caça Sukhoi Su-27 Flanker e seus muitos derivados. A empresa já apresenta problemas financeiros a algum tempo, sendo que hoje a principal atividade é a de manutenção e modernizações de seus caças MIG em operação no mundo todo, principalmente os modelo MIG-29 Fulcrum.









Porém a RAC começou a desenvolver versões cada vez mais avançadas do Fulcrum, como os modelos MIG-29M2, MIG-29K (versão embarcada) e o modelo MIG-29 OVT (Otklanyayemi Vektor Tyagi) cuja grande novidade foi a incorporação de um novo sistema de vetoração de empuxo que direciona a saída de gases do motor em 15º para cima ou para baixo e 8º para os lados, além de um sistema de controle de vôo por fio (fly by wire) pois o Fulcrum original foi o ultimo avião russo com sistema de vôo convencionais. Com todas essas versões trazendo importantes ganhos de desempenho e eficácia, a RAC resolveu investir o conhecimento adquirido na experiência dessas versões e desenvolveu uma versão nova do MIG-29 que traz todas as tecnologias inovadoras testadas nas versões anteriores e ainda, algumas novas que estavam sendo preparadas para o futuro caça de 5º geração T-50 PAK FA, da Sukhoi. O novo Fulcrum foi pensado para tentar recuperar o espaço perdido para os fabulosos caças da Sukhoi no mercado internacional e as mudanças foram grandes o suficiente para rebatizarem esta nova versão de MIG-35. A OTAN chama este modelo de Fulcrum F.


O MIG-35 é um caça surpreendente. O MIG-29 já era um caça muito capaz em sua época, porém, ele tinha um sério problema, que, na verdade é conseqüência da antiga doutrina soviética de que seus caças fossem comandados por estações de radar em terra, tendo, assim, pouca autonomia para operar uma interceptação ou outras missões de combate aéreo ar ar sem esse apoio.


Acima: Neste antigo desenho em três dimensões, podemos ver como o MIG-35 estava planejado para parecer. Pensava-se nele com canards como algumas versões do Sukhoi Su-30 Flanker, porém a vetoração de empuxo, e o novo sistema de controle de vôo FBW permitiu uma aeronave o canard, tão manobrável e ágil quanto se tivesse esse recurso.


O MIG-35 possui diversas modificações que o tornam mais autônomo em relação a esse comando de terra. O centro dessa modificação é o novo radar de varredura eletrônica ativa (AESA) Phazotron NIIR Zhuk-AE. Este moderníssimo radar representa um grande avanço, não apenas em relação ao radar anterior N-019 do mesmo fabricante, como também, em comparação com os radares russos em geral. O Zhuk AE é capaz de rastrear 30 alvos e atacar 6 deles, simultaneamente.

Este radar opera com uma abertura de 70º para cada lado e tem um alcance de 160 km contra alvos aéreos com 5m2 de RCS e até 300 km contra navios de grande porte. Além do radar, outros sensores que operam de forma passiva, trabalham de forma integrada otimizando a capacidade de detecção e conseqüentemente, a consciência situacional do piloto do MIG-35. Um desses sensores, localizado acima do radome do radar, é o OLS UEM.

Este equipamento, que substituiu o antigo sistema IRST do MIG-29, é capaz de detectar de forma completamente passiva, um caça inimigo a 45 km quando este estiver em fuga (os bocais de saída de gases do motor expostos), ou 15 km contra um alvo vindo de frente. Outro interessante sistema de detecção passiva é o casulo OLS K, montado abaixo do duto de ar do motor direito. Este sistema é composto por uma câmera capaz de detectar um alvo do tamanho de um veículo blindado a 20 km, por um telêmetro a laser e um designador de alvos a laser, para guiar armamento com guiagem laser passiva.

Acima: O radar Phazotron NIIR Zhuk AE é um dos mais modernos radares integrados a um avião de combate atualmente. Os ganhos de capacidade do MIG-35 o colocam em pé de igualdade a aeronaves de projeto mais moderno como o Saab JAS-39C Gripen ou o Dassault Rafale.

O MIG-35 possui uma suíte de autodefesa composta por um sistema de detecção de lançamento e aproximação de mísseis guiados por infravermelho chamado de SOAR (Stantsiya Obnaruzheniya Atakuyushchikh Raket). Além de alertar ao piloto quando um míssil desse tipo foi lançado e a sua aproximação, este moderno dispositivo, informa até a direção de onde vem o míssil.

Existem dois sistemas SOAR instalados no MIG-35. Um fica abaixo do duto esquerdo de entrada de ar do motor e o outro na “corcunda” atrás da cabine do piloto. Um sistema de alerta de radar RWR composto por 4 antenas montadas nas pontas da superfícies verticais e em cada ponta do bordo de ataque das asas informa ao piloto quando o caça estiver sendo rastreado por um radar hostil. Um equipamento de alerta de laser chamado SOLO (Stantsiya Obnaruzheniya Lazernogo Oblucheniya) montado nas pontas das asas avisa ao piloto quando um telêmetro a laser hostil estiver rastreando o caça. A cobertura dada por este dispositivo é de 360º.



O MIG-35 possui dois lançadores de iscas com 16 flares, cada, para despistar mísseis guiados por infravermelho (IR). É interessante notar ainda não há previsão para instalação de um lançador de iscas chaffs contra mísseis guiados por radar.
Um sistema interferidor (jammer) ELT/568 (V)2, fabricado pela empresa italiana Elettronica, é responsável por embaralhar os sinais dos radares inimigos. Porém, caso a força aérea da Rússia adquira o MIG-35, é provável que o sistema de interferência seja diferente deste, nesse caso, um de origem russa.


Acima: O sistema SOAR de alerta infravermelho pode ser vista nessa foto embaixo do duto de entrada de ar esquerdo. Este importante sistema de alerta permite uma maior chance de sobrevivência do MIG-35 no campo de batalha.
O MIG-35 é uma evolução do MIG-29. Por isso, diferentemente das primeiras versões do Fulcrum, que tinham uma capacidade de ataque terrestre limitada, sendo que o MIG-29 era mais especializado em combate aéreo, o novo MIG-35 é totalmente multifuncional. Assim, ele é compatível com a maior parte das armas russas e ainda pode ser armado com armamentos de outras origens devido a o seu barramento de dados ser do mesmo padrão usado em caças ocidentais, no caso o data bus MIL-STD 1553.

Originalmente o MIG-35 sai de fábrica homologado para operar mísseis ar ar de curto alcance R-73 Archer, com capacidade de atacar alvos fora da linha de visada do avião (off boresight) em 60º. Seu alcance é de 20 km. Para combate a média distancia é usado o míssil R-77 Adder guiado por radar ativo e com 90 km de alcance contra um alvo vindo em curso de colisão. Este míssil tem um índice de probabilidade de acerto (PK) de 70%. O antigo míssil R-27 Alamo, pode ser usado também. Este míssil possui muitas versões com desempenho e sistema de guiagem diferentes e o MIG-35 pode usar todas essas versões. Seu alcance varia de 70 a 130 km dependendo da versão.

Para atacar alvos de superfície, são usados mísseis KH-31A, versão antinavio do míssil Krypton com capacidade de por fora de ação um navio do porte de um destróier a uma distancia de até 50 km. O MIG-35 pode levar a versão KH-31P para atacar radares de defesa aérea. Este míssil tem um alcance de 110 km e seu sistema de guiagem segue as ondas de radar inimigas. Para alvos terrestres reforçados são usados os mísseis KH-29T guiado a TV e o KH-29L, guiado a laser semiativo.

Estes mísseis tem alcance de 10 a 12 km. Outro míssil possível de ser usado é o poderoso KH-59 Ovod-M (Kingbolt). Este míssil foi projetado para destruir alvos reforçados de grande valor a distancias que variam de 115 a 285 km dependendo da versão usada. Seu sistema de guiagem é por INS e por TV na fase final. A capacidade de designar alvos com um feixe da laser, permitiu que o MIG-35 também possa lançar bombas guiadas a laser KAB-500L, contra alvos fortificados. O MIG-35 tem um canhão interno GSh-30 de 30 mm com 150 munições de capacidade. A cadencia deste canhão é de 1800 tiros por minuto e tem um alcance efetivo de 1800 metros.


Acima: O MIG-35 mostra suas garras! Aqui podemos ver todos os modelos de mísseis ar ar disponíveis para o MIG-35 sob as asas desse exemplar.


O MIG-35 é propulsado dois motores de uma nova versão do motor original do MIG-29. Este motor se chama RD-33MK e tem diversas melhorias incorporadas pelos seu fabricante, a Klimov. As melhorias nesse motor foram o aumento da potência para 9000 kgf com pós-combustor; a redução quase total de fumaça que comprometia a discrição dos MIG-29; o uso de um sistema FADEC que administra todos os parâmetros de desempenho do funcionamento do motor tornando seu uso mais confiável e aumentando a sua vida útil e a capacidade de usar um sistema de vetoração de empuxo desenvolvido no MIG-29OVT, explicado no início deste artigo. Com essa nova propulsão, o MIG-35 atinge velocidade máxima de 2125 km/h em alta altitude e sua relação empuxo peso foi a 1,14 permitindo acelerações rápidas e uma razão de subida espetacular de 19800 metros por minuto.

Acima: O MIG-35 é extremamente manobrável, sendo capaz de realizar manobras com cargas de 10 G. Com a possibilidade de instalação do sistema de vetoração OVT no MIG-35, sua capacidade de manobra aumenta significativamente a baixa velocidade.
O MIG-35 participa da concorrência MRCA para substituição dos antigos caças Mirage 2000 da força aérea indiana onde ele disputa contra caças F-16IN, F/A-18 E Super Hornet, Dassault Rafale e o SAAB JAS-39 Gripen NG, um contrato de fornecimento de 126 aeronaves. A RAC, fabricante dos MIGs, pode ser absorvida pela Sukhoi ou fechar as portas se não vencer o MRCA. O MIG-35 parece ser a ultima cartada da famosa fabricante de caças para se manter no concorrido mercado de aeronaves de combate.




Acima: O painel do piloto do MIG-35 possui 3 displays multifuncionais MFD que substituiem a maioria dos mostradores analógicos do MIG-29 original. Já abaixo podemos ver o painel do copiloto que tem um display a mais.



FICHA TÉCNICA DE DESEMPENHO

Velocidade de cruzeiro: 1000 Km/h
Velocidade máxima: 2125 Km/h
Razão de subida: 19800 m/min
Potência: 1.14.
Fator de carga: 10gs
Taxa de giro: 21º/s (sem vetoração de empuxo) 27,5º/s com vetoração de empuxo)
Razão de rolamento: 240º/s
Teto de serviço: 17500 m
Raio de ação/alcance: 1500 km/ 3000 km
Radar: Phazotron NIIR Zhuk-AE com 160 Km de alcance.
Empuxo: 2 motores RD-33M K de 9000 kgf de potência máxima cada.



DIMENSÕES
Comprimento: 19 m
Envergadura : 15 m
Altura: 6 m
Peso vazio: 11000 kg

ARMAMENTO
Ar Ar: Mísseis R-73, R-27 e R-77
Ar terra: Mísseis KH-29- KH-59, KH-31, Bombas KB 500L Laser guiadas.
Interno: 1 canhão Gryazev/ Shipunov GSh-30-1 de 30 mm e 150 disparos.



Por: Carlos E. Di Santis Junior
Fonte: Campo de Batalha Aereo

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