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sábado, 12 de março de 2011

Forças de Kadafi ampliam ofensiva e retomam cidades do leste


As forças leais ao ditador Muamar Kadafi continuam a avançar na direção leste da Líbia. De sexta para sábado as kataeb ("brigadas") leais ao coronel tomaram as instalações do complexo petroquímico de Ras Lanuf, 670 quilômetros a leste da capital, Trípoli. Durante a manhã deste sábado, 12, elas forçaram os combatentes rebeldes a recuar 20 quilômetros para leste, a um ponto equidistante entre Ras Lanuf e Al-Gayla.

Debaixo de bombardeio aéreo, foguetes, disparos de tanques e de fuzis, muitos rebeldes fugiram para o deserto, ao sul. Durante a tarde, a cidade de Brega, 50 quilômetros mais a leste, também foi atacada. O local também é um estratégico terminal petrolífero líbio.

O coronel Bashir Abdul-Qadr, do Exército rebelde, disse à agência de notícias Reuters que os combatentes deixaram a refinaria não só por causa do intenso bombardeio, mas também por receio de explosão dos tanques de combustíveis. Pelo menos três tanques de petróleo cru explodiram na quarta-feira na Refinaria de Sidra, 5 km a oeste de Ras Lanuf, aparentemente atingidos por mísseis disparados por aviões.

Depois que os rebeldes tomaram Ras Lanuf, no dia 3, e avançaram para Bin Jawad, 45 quilômetros a oeste, as forças do governo reagiram. As tropas de Kadafi, chegaram a Bin Jawad com foguetes, tanques e apoio de helicópteros e aviões, e contiveram o avanço dos rebeldes rumo a Sirt, a cidade natal de Kadafi e reduto de sua tribo, situada no centro do território líbio. Desde então, os rebeldes não têm conseguido ganhos significativos.

Os confrontos na Líbia já ocorrem há quase um mês. Mesmo sob pressão interna e de outros países, Kadafi se recusa a negociar ou deixar o poder. Neste sábado, a Liga Árabe pediu formalmente que a Organização das Nações Unidas (ONU) imponha uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, o que ajudaria os rebeldes. O órgão também reconheceu os insurgentes como os reais interlocutores internacionais líbios.



Liga Árabe pede à ONU imposição de zona de exclusão aérea sobre Líbia

A Liga Árabe pediu formalmente ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que imponha uma zona de exclusão aérea (no-fly zone, em inglês) contra a Líbia. A decisão foi aprovada neste sábado, 12, na reunião do grupo no Cairo, Egito.

O órgão não pode aplicar a medida por si próprio, mas seu aval dá aos EUA e a outros países do Ocidente um apoio regional crucial para pressionar o Conselho a aprovar as restrições. Se imposta, a zona de exclusão aérea ajudaria os rebeldes que lutam para derrubar o regime do ditador Muamar Kadafi, que já dura 41 anos.

No comunicado divulgado após a sessão entre os ministros de Exteriores de todos os membros do órgão, a Liga Árabe pediu "à ONU que assuma a responsabilidade e imponha uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia para limitar o movimento de aviões limitares e criar zonas de segurança em locais vulneráveis". A medida já era estudada por outras entidades e governos.

O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, destacou posteriormente que a medida tem o objetivo humanitário de proteger os civis líbios e estrangeiros, e não facilitar uma possível intervenção estrangeira. A Liga ainda reconheceu o Conselho Nacional de Transição, o órgão fundado pelos rebeldes líbios para controlar as regiões perdidas pelo ditador, como interlocutor na Líbia e que iniciaria os contatos com os insurgentes.

Os EUA afirmaram que a imposição de uma zona de exclusão aérea pode ter um impacto limitado e que a comunidade internacional estava dividida sobre o assunto. Para levar a medida a cabo, seriam necessários uma série de deslocamentos militares dentro do território líbio, por exemplo, o que pode ser dificultado com a presença das tropas pró-Kadafi.

Antes do comunicado ser divulgado, Mustafa Abdul-Jalil, chefe Conselho Nacional de Transição, pediu a imposição da zona de exclusão. "Se isso não acontecer, e se os navios de Kadafi não forem inspecionados, teremos uma catástrofe", disse ele em entrevista na Universidade de Bayda, onde o conselho está sediado.


 
Jornalista da Al-Jazira é morto em emboscada no leste da Líbia

Ali Hassan al-Jaber, câmera do canal árabe Al-Jazira que cobria os conflitos na Líbia, morreu neste sábado, 12, no que parece ter sido uma emboscada na cidade de Benghazi. O local está tomado pelos rebeldes que lutam contra o regime do ditador Muamar Kadafi.

Al-Jaber retornava a Benghazi após ter gravado imagens de um protesto da oposição em uma cidade vizinha, quando homens armados e não identificados abriram fogo contra o carro onde ele e seus colegas viajavam. Ele foi levado a um hospital, mas não sobreviveu. Uma segunda pessoa foi atingida.

A morte de al-Jaber é a primeira fatalidade de um jornalista desde o início de protestos em massa contra o governo iniciados em 15 de janeiro. Vários veículos, porém, relataram episódios de violência contra seus enviados. O repórter Andrei Netto, do Estado, chegou a ficar oito dias preso.

Wadah Khanfar, diretor-geral da Al-Jazira, afirmou que o canal "não ficará em silêncio" e perseguirá os responsáveis pela emboscada pelos meios legais. Ele disse que o ataque se segue a uma "campanha sem precedentes" de Kadafi contra a emissora.



Fonte: Estadao

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