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segunda-feira, 7 de março de 2011

Paris e Londres preparam texto sobre zona de exclusão aérea na Líbia


França e Grã-Bretanha trabalham em um projeto de resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas para impor uma zona de exclusão aérea na Líbia, que será apresentado "bastante rápido".

"Os franceses e os britânicos estão trabalhando em um texto que será submetido bastante rápido pelos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU. Há um sentimento de urgência. Não podemos deixar que a população seja esmagada sem fazer nada", afirmou uma fonte diplomática que não quis se identificar.

"Devem esperar algo sobre a Líbia (sobre a zona de exclusão aérea) nesta semana", disse a mesma fonte.
"Pode acontecer nesta semana", comentou outro diplomata que pediu o anonimato. "Depende do que acontecer no local. Se houver graves violações dos direitos humanos ou se mercenários estiverem envolvidos" na violência registrada na Líbia, acrescentou.

A adoção de uma nova resolução sobre uma zona de exclusão aérea pelos 15 membros do Conselho de Segurança parece delicada, segundo uma terceira fonte. Alguns países, como China e Rússia, são reticentes a esta opção.

O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, confirmou que a Grã-Bretanha está trabalhando em um projeto de resolução que estabeleça uma zona de exclusão aérea, mas disse que o texto necessita do apoio regional e de "uma base legal clara".
O chanceler britânico indicou que os rebeldes líbios "já pediram explicitamente uma zona de exclusão aérea".

A Liga Árabe transmitiu nesta segunda-feira seu apoio ao projeto de resolução, anunciou o ministério francês das Relações Exteriores, que evocou as manifestações feitas neste sentido pelo secretário-geral Amr Moussa ao chanceler Alain Juppe.
De Trípoli, o ministro líbio das Relações Exteriores, Mussa Kussa, acusou Estados Unidos, Grã-Bretanha e França de "conspirar" para dividir a Líbia.

Por sua vez, o embaixador dos Estados Unidos ante a Otan, Ivo Daalder, afirmou que seu país considera "uma zona de exclusão aérea como uma possibilidade" e acrescentou que a atividade aérea das forças leais ao coronel Kadhafi diminuiu depois de alcançar o pico na semana passada.

Após uma reunião para discutir as diferentes opções que existem para responder à violência registrada na Líbia, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, advertiu que os ataques contra populações civis na Líbia podem constituir "crimes contra a humanidade" e afirmou que, se prosseguirem, a comunidade internacional não poderá permanecer "passiva".

O promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno Ocampo, abriu na semana passada uma investigação contra o líder líbio Muamar Kadhafi e pessoas próximas por supostos crimes contra a humanidade relacionados à repressão da revolta popular desde 15 de fevereiro.

O presidente americano, Barack Obama, advertiu os assessores de Kadhafi que deverão responder pela violência em seu país, em declarações a jornalistas.
"Quero enviar uma mensagem muito clara aos colaboradores do coronel Kadhafi. São eles que devem escolher como atuarão no futuro. Terão que se responsabilizar por qualquer ato de violência que ocorra", disse Obama.

A Casa Branca também afirmou que avalia entregar armas aos rebeldes, mas estimou "prematuro" agir agora, segundo Jay Carney, porta-voz de Obama.
As monarquias árabes do Golfo também estão a favor da criação pela ONU de uma zona de exclusão aérea, segundo um comunicado emitido ao término de uma reunião de chanceleres do Conselho de Cooperação do Golfo, em Abu Dabi.

"Os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) pedem ao Conselho de Segurança da ONU que inicie medidas necessárias para proteger os civis na Líbia, coma imposição de uma zona de exclusão aérea", anunciou à imprensa o secretário-geral do grupo regional, Abdel Rahman al-Attiya.

O CCG agrupa os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita, o Qatar, Omã e Bahrein.
Por sua vez, a Espanha considera que qualquer eventual intervenção política, econômica ou militar na Líbia necessitará do aval da ONU e dos países árabes e africanos, informou nesta segunda-feira à AFP um porta-voz da presidência do governo.

Até agora, a Rússia se converteu no primeiro país do Conselho a rejeitar qualquer ingerência estrangeira na Líbia, explicou nesta segunda-feira o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

"Não consideramos a ingerência externa, em especial militar, como um meio para resolver a crise na Líbia. Os líbios devem resolver seus problemas", declarou Lavrov citado pelas agências russas.
O Conselho de Segurança adotou no dia 26 de fevereiro uma resolução sobre a Líbia que impunha sanções contra Kadhafi, sua família e pessoas próximas, que contemplam principalmente a proibição de viajar e o congelamento de bens.



Armar rebeldes anti-Kadhafi na Líbia é uma opção, afirma Casa Branca

Armar rebeldes que lutar contra o governo do ditador Muammar Kadhafi é uma das muitas opções que os Estados Unidos estão considerando para a Líbia, disse a Casa Branca nesta segunda-feira (7).
O porta-voz da Casa Branca Jay Carney enfatizou que a Casa Branca estava se movimentando rapidamente para "avaliar as opções para lidar com a crise política no país do norte da África, mas que os Estados Unidos não querem se colocar à frente dos eventos.
"A opção de dar assistência militar é uma das que está na mesa, porque nenhuma opção foi removida da mesa", disse Carney.

Também nesta segunda, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que a Otan avalia "opções militares" para lidar com a crise líbia, onde a reação das forças do governo a rebeldes oposicionistas já matou milhares de pessoas.
Forças leais ao coronel Kadhafi continuavam enfrentando os rebeldes em várias frentes neste domingo.

Mais cedo, o secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen, advertiu ao governo líbio que os ataques poderiam constituir crimes como a humanidade e, caso eles continuem, a comunidade internacional não poderá continuar "passiva".
Uma fonte diplomática na ONU revelou que França e Reino Unido estão elaborando um projeto de resolução do Conselho de Segurança para impor uma zona de exclusão aérea na Líbia.



A chancelaria francesa informou que a Liga Árabe respaldaria uma medida deste tipo.
Os países do Golfo Pérsico afirmaram nesta segunda que são favoráveis que a ONU crie uma zona de exclusão aérea na Líbia.
O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, confirmou que o Reino Unido prepara um projeto de resolução da ONU sobre uma zona de exclusão aérea na Líbia, mas disse que ela deverá ter o apoio local e regional, assim como uma base legal clara.

Já a Rússia é contra qualquer tipo de intervenção militar na Líbia, disse a agência estatal RIA Novosti, citando o ministro de Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

A União Europeia (UE) também prepara novas sanções financeiras, especialmente contra a Autoridade Líbia de Investimentos (LIA), um fundo soberano que administra os recursos petroleiros e possui participações em várias empresas européias.

Kadhafi, de 68 anos, no poder desde 1969, acusou a França de "interferência" por ter apoiado o Conselho Nacional instalado pela oposição em Benghazi (a segunda cidade do país, 1.000 km ao leste de Trípoli) para governar as "zonas liberadas", em entrevista ao canal France 24.

A aviação de Kadhafi fez várias incursões no porto petroleiro de Ras Lanuf, o que provocou a resposta de baterias antiaéreas. Um veículo civil foi atingido e uma pessoa morreu e várias pessoas ficaram feridas, segundo testemunhas. Também houve ataques à cidade portuária de Brega, em mão de rebeldes.

Os rebeldes ocuparam no sábado Bin Jawad, que fica no caminho de Sirte, a cidade natal de Kadhafi, mas as tropas do líder líbio recuperaram no domingo a localidade e forçara o recuo dos opositores após combates que deixaram pelo menos 12 mortos e 50 feridos, segundo fontes médicas.

Em Misrata (terceira maior cidade do país, entre Trípoli e Sirte), os tanques de Kadhafi bombardearam a cidade, informaram moradores no domingo. Alguns chegaram a alertar para o risco de "carnificina" sem uma intervenção da comunidade internacional.
A repressão em Misrata deixou pelo menos 21 mortos, "em sua imensa maioria civis", e 91 feridos, nove deles em estado grave.

A ONU solicitou acesso urgente a Misrata para atender as vítimas.
A Itália afirmou que estabeleceu "contatos discretos" com o Conselho Nacional, para buscar uma solução à crise.

Outras iniciativas tiveram menos sucesso.

Uma pequena equipe diplomática britânica que viajou a Benghazi para iniciar contatos com a oposição deixou o país depois de ter passado por "dificuldade", informou o Foreign Office.
A oposição anunciou que se recusou a conversar com os enviados de Londres, que chegaram a ser detidos, porque eles entraram ilegalmente na Líbia.
As agências humanitárias da ONU fizeram nesta segunda-feira um pedido para arrecadar US$ 160 milhões de ajuda para as vítimas do conflito na Líbia.



TV diz que Kadhafi quer encontro com rebeldes para deixar governo

A rede de TV árabe Al Jazeera relatou nesta segunda-feira (7) que o ditador Muammar Kadhafi propôs aos rebeldes da Líbia um encontro com os parlamentares do país para pavimentar o caminho para que ele deixe o poder com certas garantias.

Ainda de acordo com a emissora, os rebeldes teriam rejeitado a oferta de Kadhafi por considerarem que uma saída "honrosa" do ditador seria considerada ofensiva às suas vítimas.

A Al Jazeera creditou as informações a fontes não identificadas e não deu maiores detalhes. O ditador líbio teria sugerido a reunião ao conselho interino dos rebeldes sediado na cidade de Benghazi. A proposta teria sido anunciada aos rebeldes pelo ex-primeiro ministro Jadallah Azzouz Talhi e incluiria garantias de segurança pessoal e à família de Kadhafi, além de um pedido para que ele não fosse levado a julgamento.




Fontes: G1 e AFP

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