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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Um terço da energia já vem de países africanos


Há poucos meses, líderes europeus receberam uma carta alarmante do setor industrial da Alemanha, França e Reino Unido. Se a Europa não mudasse de estratégia e desse maior atenção à África, o futuro da indústria do Velho Continente estaria ameaçado.
O motivo era simples: a China havia comprado grande número de jazidas de minérios, fonte de energias e recursos naturais na África, em um avanço que não dá sinais de ser freado e com um apetite que parece ser insaciável. Hoje, um terço do abastecimento de energia da China já vem do continente africano.

Pelos cálculos de Pequim, para avançar a China precisa ter o abastecimento de suas necessidades equacionado. O país foi responsável por mais de 50% do aumento no consumo mundial de metais para a indústria entre 2002 e 2005. A produção de aço na China passou de 66 milhões de toneladas para 500 bilhões de toneladas entre 1990 e 2008.

O resultado da entrada desse novo ator foi a explosão nos preços de commodities, que tiveram alta de 159% em seus preços entre 2002 e 2008, segundo o Parlamento Europeu. Nos últimos cinco anos, a China iniciou um safari pela África em busca de acesso às matérias primas e petróleo. Uma série de acordos foram fechados nos últimos anos, com exploração de cobre na Zâmbia, cobalto na República Democrática do Congo, ferro na África do Sul e Platinum em Zimbábue.

Em poucos anos, a China se estabeleceu como um dos principais atores na exploração de minérios e outros recursos na África. Na Zâmbia, onde o cobre representa mais da metade das exportações nacionais, Pequim se comprometeu em adquirir quase a totalidade da produção.
A China precisa do cobre para garantir a expansão de sua indústria, principalmente em cabos, no setor automotivo, circuitos integrados e construção. Em 2004, a China já era o segundo maior importador de cobre do planeta. Hoje, consome 25% de tudo o que é vendido.
No Sudão, Pequim já investiu US$ 4 bilhões para a produção e petróleo, desenvolvimento de portos e dutos, tudo com um financiamento estatal.

Em Angola, a China ofereceu um empréstimo de US$ 2 bilhões ao governo de Luanda. Em troca, recebeu a grande parte dos contratos de exploração de blocos de reservas. Cinco anos mais tarde, Angola garante o abastecimento de 500 mil barris de petróleo por dia para a China, um quinto de toda a produção brasileira. Em apenas cinco anos, a Angola superou a Arábia Saudita e o Irã como maior fornecedor de energia para a economia chinesa, um papel central que jamais teve para a economia portuguesa. O Golfo da Guiné é o próximo passo do avanço chinês em busca de petróleo. A região teria reservas de 110 bilhões de barris e Pequim não economizará em conquistar a região.

Metade da madeira que se corta por ano no Gabão e 60% das toras na Guiné Equatorial vão para a China, ajudando Pequim a se transformar, em 2010, no maior produtor de móveis do planeta.
Não é por acaso, que, em um recente memorando do Departamento de Estado norte-americano, Washington descreveu a conquista chinesa na África como sendo um "tsunami".
É na própria África que o debate ganha um tom de maior polêmica. O ex-presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, admitiu que o continente deve pensar bem antes de fechar acordos com a China e evitar que se transforme em uma "economia colonial" de Pequim. Até 2020, a projeção é de que a China siga elevando a demanda mundial.


Fonte: Estadao

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