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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Confrontos na Líbia deixam 20 mortos em 48 horas, diz agência


Os confrontos entre manifestantes que pedem a renúncia do ditador Muammar Gaddafi, há 42 anos no poder na Líbia, e as forças de segurança enviadas para reprimir os protestos em Benghazi, segunda maior cidade do país, e também em Al Bayda, Zentan, Rijban e Darnah, já deixaram 20 mortos em 48 horas, indica a Associated Press.
Os números são baseados em informações fornecidas por sites da oposição, ativistas líbios residentes no exterior e ONGs de direitos humanos. Mais cedo, outras agências de notícias reportavam sobre o número de vítimas com base em fontes hospitalares.

A Irmandade Muçulmana da Líbia denuncia que as forças de segurança estão usando munição real contra os manifestantes.
Já a Human Rights Watch, com sede em Nova York, diz que as forças de segurança prenderam ao menos 14 pessoas enquanto o site de oposição Al Youm denunciou que atiradores de elite estão sendo posicionados nas cidades com ordens de disparar contra os manifestantes.

PROTESTOS

A convocação do "Dia de Fúria" contra o regime pareceu não surtir efeito em Trípoli, onde centenas de manifestantes pró-regime se reuniram à tarde na Praça Verde, no centro da capital, enquanto outros marchavam em procissão e carros buzinavam pelas ruas da cidade.
Protestos violentos também estouraram em Zentan, a 145 km de Trípoli, relatou o jornal líbio "Quryna" em seu site.

A Anistia Internacional, o Reino Unido e a União Europeia pediram ao país na quarta-feira que evitasse utilizar a força, enquanto que os Estados Unidos disseram a Trípoli para "tomar medidas específicas que respondam às aspirações, necessidades e às expectativas de seu povo".

SEGURANÇA

Em meio aos protestos, o Ministério do Interior líbio destituiu nesta quinta-feira um alto responsável pela segurança local após a morte de duas pessoas em manifestações contrárias ao governo em Bayida, cidade localizada 1.200 km a leste da capital do país, Trípoli.

Segundo o jornal "Quryna", que cita "fontes de segurança bem informadas", o ministério destituiu o coronel Hasan Kardaui, diretor da segurança de Al Jabal al Akhdar, capital da região, após a "morte de dois jovens" na noite da quarta-feira.



DIA DE FÚRIA

Centenas de seguidores de Gaddafi se reuniram nesta quinta-feira na capital do país para se contraporem ao "Dia de Fúria". Mesmo assim, os manifestantes antigoverno tomaram as ruas de quatro cidades do país. "Hoje os líbios quebraram a barreira do medo, é um novo amanhecer", afirmou Faiz Jibril, um líder da oposição no exílio.

A entidade americana Human Rights Watch disse que as autoridades líbias detiveram 14 ativistas, escritores e manifestantes que preparavam protestos contra o governo.
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Num país onde manifestações de dissidência raramente são toleradas, o protesto vem sendo organizado por ativistas anônimos por meio de redes sociais como Facebook e Twitter. Em alguns pontos do país, os serviços telefônicos estão cortados.

DITADOR

Gaddafi governa a Líbia desde 1969, e é o mais veterano líder africano. Agora o país começa a sentir os efeitos das revoltas que recentemente derrubaram ditaduras nos vizinhos Egito e Tunísia.
Na Líbia, o golpe militar que levou o coronel ao poder em 1969 é chamado de revolução.
Em Trípoli, não havia sinais de protestos contra o governo. Na rua Omar al Mokhtar, principal artéria da capital, o tráfego era normal. Bancos e lojas estavam abertos, e não havia reforço policial.

Sem citar os distúrbios, Gaddafi declarou numa entrevista divulgada na quarta-feira que "os revolucionários" --seus partidários-- irão prevalecer. "Abaixo os inimigos, abaixo em todo lugar; abaixo os fantoches em todo lugar, os fantoches estão caindo, as folhas do outono estão caindo", afirmou ele, segundo a BBC. "Os fantoches dos EUA, os fantoches do sionismo estão caindo."

EUA

Nesta quarta-feira, os Estados Unidos pediram que o regime do ditador Gaddafi, há 42 anos no poder, assim como os de outros países atingidos por protestos, atendam às demandas sociais.
"Os países da região têm o mesmo tipo de objetivos em termos demográficos, aspirações do povo e necessidade de reformas", disse em coletiva de imprensa o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip J. Crowley.


Fonte: Folha

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