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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ministro do Interior líbio renuncia e pede a Exército para se unir ao povo

O ministro do Interior da Líbia, general Abdul Fatah Younis, anunciou nesta terça-feira (22/02) sua renúncia e conclamou às Forças Armadas para se unirem ao povo, respondendo às suas legítimas reivindicações. As informações são da rede de televisão Al Jazeera.

Em comunicado lido em uma gravação divulgada pela emissora, vestindo uniforme e sentado na mesa do que parece ser seu escritório, o ministro disse que se une à "revolução de 17 de fevereiro".

"O bombardeio contra a população civil é o que me fez aderir à revolução, nunca imaginei que íamos chegar a disparar contra o povo".

Younis afirmou ainda que a Líbia do coronel Muamar Kadafi "desmoronou" e que o regime "traiu a revolução".

"Expresso minha fé nas reivindicações do povo e em sua legitimidade", disse o general, ressaltando que "as Forças Armadas devem estar a serviço das pessoas".

Younis era um dos colaboradores mais próximos de Kadafi e fazia parte do movimento dos então coronéis que, junto a ele, promoveram um golpe de Estado para tomar o poder em 1969. Ainda nesta terça-feira, outros sete embaixadores também apresentam renúncia, insatisfeitos com a represssão aos protestos populares contra o regime. Os diplomatas que deixaram seus postos são os chefes das missões líbias nos Estados Unidos, Polônia, Índia, Indonésia, Malásia, Austrália e na Liga Árabe, que tem sede no Cairo.

A emissora entrevistou o representante do país na Índia, Ali el Essawi, que afirmou que Trípoli "está ocupada por mercenários", além de ter acusado o governo de utiliza o Ministério de Relações Exteriores "contra os líbios".

"Estão fazendo coisas terríveis contra o povo", acrescentou o diplomata, referindo-se ao uso de força por parte da polícia e do exército contra os manifestantes. "Kadafi deve renunciar para que haja o fim deste banho de sangue. Não tem nenhuma legitimidade", acrescentou o agora ex-embaixador líbio em Nova Délhi.

 
Confrontos entre manifestantes e forças de segurança e uma intensa troca de tiros foram registrados nesta terça-feira (22/02) no centro de Trípoli após o término do discurso do líder líbio, Muamar Kadafi. A informação é da rede de televisão Al Jazeera.

O canal acrescentou que os enfrentamentos e os disparos ocorreram no bairro de Bin Ashur e na avenida al-Jumhuriya, no centro da capital.
Em Benghazi, o discurso de Kadafi na rede de televisão estatal gerou revolta entre os manifestantes.

Segundo testemunhas disseram à Al Jazeera, além de gritarem, os opositores lançaram sapatos contra a imagem do líder, um gesto considerado de desprezo no mundo árabe.
Cerca de 300 pessoas morreram nos últimos dias em Benghazi por conta dos disparos e dos bombardeios dirigidos aos protestos civis que explodiram na cidade. De acordo com a TV, a cidade está sob controle das forças da oposição.

Apesar das violentas manifestações registradas na Líbia, Kadafi afirmou em seu discurso que está "disposto a morrer na Líbia" e a combater "os ratos que promovem os distúrbios" até a "última gota" de seu sangue.

Dissidência

Ao comentar as palavras do líder líbio, o ativista opositor exilado em Londres Jomaa al Qamati disse, em entrevista a "Al Jazeera", que o discurso reflete o grau de desespero de Kadafi.

Para Qamati, o dirigente líbio deu a entender que a permanência dele e de sua família no poder é "a única alternativa contra a destruição do país".

"Este homem necessita ser internado em um hospital psiquiátrico. Temos informações que apontam que, caso se sinta acabado, incendiará poços de petróleo, e isto causará uma catástrofe ambiental, econômica e política", acrescentou o ativista.
Fonte: G1

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