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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

F-X2: Analista critica adiamento da compra de caças para FAB


A indicação do governo federal de que a compra de 36 caças para integrar a Força Aérea Brasileira (FAB) não será efetuada em 2011 representa um mau começo da atual administração na área da defesa. A avaliação é de Geraldo Cavagnari, doutor em ciências militares e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para ele, o aceno do governo federal indica que a presidente Dilma Rousseff deve seguir a mesma linha de seus antecessores, com a falta de comprometimento com uma ampla política de defesa.

“Começa mal no sentido de defesa, começa tendo o mesmo comportamento do governo anterior, falta de comprometimento com uma política de defesa”, explica. “O Brasil tem um projeto de modernização que não tem sido levado adiante como seria desejado, dentro dos compromissos internacionais”, disse. Em conversa com jornalistas, na manhã de hoje, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não há previsão para a compra dos caças em 2011 por conta da escassez de recursos.

Nas últimas semanas, a presidente já vinha sinalizando que o assunto não deveria ser tratado neste ano, pois, no seu entender, ainda pairam dúvidas técnicas sobre o projeto de compra dos caças. Ainda que dado como certo o acordo com a empresa francesa Dassault, o governo federal tem estudado melhor as propostas da sueca Saab e da norte-americana Boeing. O projeto de compra da nova frota de caças é discutido desde o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), tendo sido adiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e retomado apenas em sua segunda gestão.

O adiamento da compra, na avaliação do pesquisador, aponta o risco dos preços dos caças sofrerem alteração no mercado internacional. “O preço pode ser outro e o compromisso da empresa com aquele preço pode mudar”, considerou. “Os preços no mercado fluem bastante”, acrescentou.

O diretor da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED) e docente do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar, João Roberto Martins Filho, vê também no adiamento o risco de alteração da escolha do governo federal. “Para o favorito, não é uma boa notícia. Há mais tempo para o governo federal repensar”. De acordo com ele, o tempo extra dá margem para que o País analise melhor as propostas das concorrentes da empresa francesa. “O governo federal parece que não está dando como certa a opção pela empresa favorita e está analisando outras ofertas também, repensando o conjunto”.

O diretor da ABED apontou que o adiamento da compra dos caças já era esperado, devido ao clima de cautela das contas públicas, mas alertou quanto ao fim do prazo de vida útil dos Mirage-2000, que caduca em 2016. “Não dá para adiar mais, porque os aviões já estão chegando muito próximo da vida útil e é uma decisão que precisa ser tomada”.

Fonte: CAVOK



Não há recursos para comprar caças este ano, diz Mantega

O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou nesta segunda-feira que a compra dos caças para a Força Aérea Brasileira não está prevista no Orçamento deste ano. “Não temos previsões para a aquisição de caças neste ano”, disse o ministro, ao detalhar o corte de R$ 50 bilhões de no Orçamento da União de 2011. Segundo o ministro, o principal objetivo do governo é fiscal e não a inflação.

“O que estamos fazendo não é prioritariamente visando a inflação”, disse Mantega.

De acordo com Mantega, o cresceu em torno de 7,5% em 2010 –o número oficial será divulgado na quinta-feira. O ministro admitiu que o objetivo dos cortes é conduzir a economia a um “patamar mais sustentável de crescimento”, em torno de 5%, mas negou que elas representem uma mudança na política econômica do governo.
Entre as pastas que mais contribuirão para a economia estão o das Cidades (R$ 8,6 bilhões), Defesa (R$ 4,4 bilhões) e o Turismo (R$ 3 bilhões).

O programa Minha Casa, Minha Vida terá uma contenção de mais de R$ 5 bilhões nos repasses do governo –passará de R$ 12,7 bilhões para R$ 7,6 bilhões.
Segundo a ministra Miriam Belchior (Planejamento), a redução de despesa tem relação com o fato de a segunda parte do Minha Casa ainda não ter sido aprovada pelo Congresso. A ministra espera que isso ocorra em abril.

“Ainda assim, o orçamento do programa para este ano está R$ 1 bilhão maior do que ocorreu no ano passado, quando houve a maior parte das contratações do Minha Casa”, afirmou a ministra. “Não cortamos nenhum centavo dos investimentos do PAC nem dos gastos com programas sociais.”

Segundo o detalhamento do corte das despesas do Orçamento, os gastos discricionários dos ministérios tiveram uma redução de R$ 36,2 bilhões. Os vetos à Lei Orçamentária respondem por R$ 1,6 bilhão em despesas.
Já as despesas obrigatórias tiveram uma redução de R$ 15,7 bilhões, sendo R$ 3,5 bilhões de gastos com pessoal, R$ 8,9 bilhões nos subsídios, R$ 2 bilhões de gastos previdenciários e R$ 3 bilhões em abono salarial e seguro-desemprego.
Houve, contudo, um acréscimo de R$ 3,5 bilhões em créditos extraordinários, para o Nordeste e a Amazônia.



COMPRA DOS CAÇAS

Na semana passada, o ministro Nelson Jobim (Defesa) afirmou para a então ministra de Exteriores da França, Michèle Alliot-Marie, que a decisão sobre os caças iriam demorar meses.

Na negociação para a compra de 36 caças para a FAB concorrem os aviões Rafale, da empresa francesa Dassault, os Super Hornet F/A-18, da americana Boeing, e os Gripen NG, da sueca Saab.

Três dias depois, a ministra francesa pediu demissão após ser criticada durante semanas por sua ligação com o antigo regime tunisiano.
Na semana passada, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, também afirmou que o corte de R$ 4 bilhões no Orçamento deste ano do Ministério da Defesa vai afetar o programa de desenvolvimento do avião de transporte militar KC-390, principal projeto da Embraer na área, disse hoje o ministro.

Dos R$ 4 bi contingenciados na Defesa (26,5% do orçamento total), a Aeronáutica deve responder por cerca de R$ 1,2 bi.
O Orçamento inicial previsto para a área em 2011 era de R$ 4,6 bi (custeio e investimento).



Fonte: Estadao

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