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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Brasil assume comando de força marítima da ONU no Líbano


Oficiais da marinha brasileira chegam ao Líbano nesta terça-feira para assumir o comando da unidade marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil, na sigla em inglês).
Segundo informações da Embaixada brasileira no Líbano, o contra-almirante Luiz Henrique Caroli coordenará as operações da Força Tarefa Marítima (MTF, na sigla em inglês), subordinada à Unifil, que atualmente monitora a fronteira entre Líbano e Israel e ajuda o governo libanês a evitar a entrada de armas ilegais no resto de suas fronteiras.

Os militares brasileiros participarão pela primeira vez da frota marítima de uma força de paz, em missão que começou oficialmente no dia 9 de fevereiro, segundo uma portaria do ministro da Defesa, Nelson Jobim.
A MTF iniciou suas atividades em outubro de 2006, logo após a guerra entre o grupo islâmico libanês Hezbollah e Israel.

O contra-almirante Caroli chega acompanhado de oito militares da Marinha brasileira, quatro oficiais e quatro marinheiros. Ele comandará uma frota composta de oito embarcações, 800 oficiais e marinheiros de cinco nacionalidades.
A força naval da Unifil tem a tarefa de patrulhar os 225 quilômetros da costa libanesa e interceptar navios que levem armas ilegais ao país.

Segundo o embaixador brasileiro no Líbano, Paulo Roberto Campos Tarrisse da Fontoura, a contribuição brasileira se encaixa na visão do Itamaraty de um engajamento ativo em missões internacionais.

“O Brasil já tem tradição em missões de paz. Desde 1948, foram mais de 60 missões de paz com a participação de militares brasileiros”, disse.



O embaixador disse ainda que, apesar da tradição, essa será a primeira vez que o país fará parte do componente naval em uma missão de paz.
No ano passado, segundo Fontoura, o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon pediu que o Brasil cedesse um contingente da marinha nacional à missão libanesa.

“Os militares brasileiros são conhecidos por sua qualidade e competência”, disse o embaixador.
“Em vários níveis do governo libanês eu ouvi elogios ao Brasil por tornar-se parte da força de paz.”



Frota

Os navios da MTF são compostos por três embarcações alemãs, duas bengalesas, uma turca, uma indonésia e um navio grego. O comando da força tarefa era exercido pela Itália até o ano passado.
A força naval da ONU deve auxiliar a marinha libanesa a monitorar as águas territoriais do Líbano, cuidar da segurança da costa e prevenir a entrada ilegal por mar de armamentos para dentro do país.

Segundo a Unifil, desde 2006, quando iniciou suas atividades, a MTF interceptou 28 mil embarcações, e encaminhou 400 navios suspeitos às autoridades libanesas para inspeções.
Outro militar brasileiro, o capitão de mar e guerra Gilberto Kerr, está no Líbano desde dezembro de 2010 como chefe de operações navais junto ao comando da Unifil.

A missão de paz no país foi criada em 1978, inicialmente para confirmar a retirada de Israel do Líbano, mas teve, depois, seu mandato alterado em 1982, 2000 e 2006. Hoje, a força tem um contingente de mais de 13 mil soldados de diferentes países. Desde 1978, 275 militares da missão foram mortos no Líbano.
A Unifil é liderada atualmente pelas tropas espanholas, sob o comando do major-general Alberto Asarta Cuevas.

Depois da guerra de 2006, entre Israel e o Hezbollah, o mandato da Unifil foi ampliado e os soldados de paz passaram também a patrulhar a fronteira sul do Líbano.
Os soldados de paz devem ajudar o Exército libanês a prevenir o contrabando de armamento ilegal, manter o controle sobre a região, além de coordenar e manter o cessar-fogo entre o Líbano e Israel.
Segundo a embaixada brasileira, o contra-almirante Luiz Henrique Caroli estará subordinado diretamente ao comandante espanhol Alberto Cuevas.


Fonte: BBC Brasil


Almirante brasileiro assume comando da frota da missão de paz da ONU no Líbano

O Contra-Almirante brasileiro, Luiz Henrique Caroli, assumiu hoje (24/02) o comando da Força Tarefa Marítima (FTM), componente naval da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), em uma cerimônia a bordo de um navio no Porto de Beirute.
Primeira força naval a integrar as missões de paz da ONU, a FTM-UNIFIL foi implantada a pedido do Governo libanês para ajudar a Marinha a evitar a entrada de armas ou material relacionado no país por via marítima. Para isto, a FTM trabalha em conjunto com a Marinha libanesa.

O Comandante da Força da UNIFIL, o Major-General Alberto Asarta Cuevas, entregou o comando da FTM ao Almirante Caroli a bordo da Fragata Yildirim (Turquia), na presença de representantes das Forças Armadas do Líbano, bem como de diplomatas e oficiais de países que contribuem para as tropas da UNIFIL.
O Major-General Asarta agradeceu o Brasil por sua contribuição e elogiou os trabalhos do FTM e da Marinha libanesa.

“A FTM está desempenhando um papel crítico para a prevenção, repelindo as tentativas de tráfico ilegal de armas e incidentes na fronteira de boia [line of buoy]”, disse. “Apesar das restrições, a Marinha libanesa tem demonstrado, sucessivamente, profissionalismo e comprometimento excepcional com a segurança das águas libanesas, em estreita parceria com a FTM.”

O Comandante da Força reiterou que a paz sustentável pode ser alcançada no sul do Líbano. “Os esforços contínuos da FTM serão vitais para aproveitar o momento, com base nas conquistas alcançadas até agora”, acrescentou.
O Contra-Almirante Caroli disse estar ansioso para desempenhar sua função.

“A Marinha brasileira está muito orgulhosa de se unir à FTM e espera poder contribuir com o trabalho bem sucedido que tem sido feito”, disse Caroli. “As capacidades crescentes da Marinha das Forças Armadas libanesas nos permitem vislumbrar um futuro promissor.”
Desde o início de suas operações, em 15 de outubro de 2006, a Força Tarefa Marítima abordou cerca de 36 mil navios e encaminhou cerca de 900 embarcações suspeitas às autoridades libanesas para novas inspeções.



Nascido no Rio de Janeiro, o Contra-Almirante Caroli frequentou o Colégio Naval brasileiro em 1973 e assumiu ao posto de Almirante em 2007.

Ele foi designado para uma série de postos e serviu como Comandante Oficial do Porta-aviões “São Paulo”, do Navio de Patrulha Fluvial “Pedro Teixeira”, do Caça-Minas “Atalaia” e do Centro de Treinamento da Frota da Marinha do Brasil “Almirante Marques de Leão”. O Almirante Caroli é doutor em Ciências Navais pelo Colégio Naval do Brasil e participou de cursos sobre guerra naval, estratégia, política, gestão e planejamento.
A FTM-UNIFIL atualmente é composta de unidades navais em Bangladesh (2 navios), Alemanha (3 navios), Grécia (um navio), Indonésia (um navio) e Turquia (um navio).


Fonte: Centro de Informacoes das Nacoes Unidas


Porta-Avioes Sao Paulo


“Atuaremos pela estabilidade no Líbano”

Os atuais protestos no Norte da África preocupam, de alguma forma, a missão de paz brasileira?
Preocupação não traz não. Os fatos são importantes e te­­mos que estar atentos – até porque no Oriente Médio às ve­­zes as coisas evoluem de um mo­­do indesejado. O Líbano é um país muito peculiar, pois tem representação de vários países, várias etnias e correntes religiosas. Logo, tudo acontece na região costuma se refletir no Líbano.
Os problemas que ocorrem no Norte da África podem, sem dúvida, levar a um aumento de tensão na região. Mas hoje, do jeito que a situação está, eles estão sendo vistos co­­mo problemas internos de cada país e que não afetam a Unifil ainda não. Essa, lógico, é minha opinião. Não estou fa­­lando pela Unifil.


O fato do envio de uma missão de paz brasileira ao Líbano tem relação com o sucesso das operações brasileiras no Haiti?

Eu acredito que sim. A ONU convidou o Brasil para assumir o comando da força tarefa marítima baseada no bom desempenho dos militares brasileiros, não só no Haiti como nas outras operações. O Brasil detém uma tradição de referência em termos de operação de paz. Isso se deve em parte às nossas características como povo, nossa forma de ser e sobretudo pela qualidade dos nossos militares. Então eu entendo que sim, que o convite foi feito devido ao sucesso de nossas participações em operações diversas. Além do que, o Brasil é um país bem aceito na região e é visto como uma nação de posição neutra em relação aos conflitos que os países da região estão envolvidos.



Como a Marinha brasileira pode contribuir para a paz no Oriente Médio?

A missão de paz no Líbano (Unifil) é a primeira que tem um componente marítimo de peso e tem um papel muito im­­portante lá. Ela contribui para a estabilidade na região. Só para citarmos um exemplo, o co­­mércio marítimo libanês de 2006 para cá cresceu em 30%. E isso é consequência da presença dos navios da ONU lá. Na medida em que nós vamos assumir o comando dessa força, aliada a nossa posição de neutralidade, com a presença dos navios lá – não só do ponto de vista operacional, mas também político – daremos contribuição para que aquela re­­gião tenha mais estabilidade e isso se reflete na estabilidade do Oriente Médio.
O que temos visto nos úl­­timos anos é que quase todos os problemas que ocorrem no Oriente Médio ecoam no Líbano. Então, de certa forma, com nossa atuação atuação lá, nós estamos contribuindo não só para a paz e estabilidade do Líbano como de todo o Oriente Médio.



Fonte: Gazeta do Povo

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