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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

EUA ficarão ao lado dos egípcios, diz Obama; Mubarak pode sair


Após 17 dias de protestos no Egito e depois de ter sido criticado por democratas e republicanos devido à sua atuação na crise árabe, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que seu país "acompanha de perto" os eventos no país e que Washington ficará "ao lado dos jovens egípcios" que pedem mudanças.

"Estamos acompanhando os eventos no Egito de forma muito próxima, e mais tarde teremos mais a comentar sobre a crise", disse o presidente pouco depois de chegar ao Estado de Michigan.
Obama destacou que o povo do Egito, "de todas as idades e origens", resolveu falar e pedir por reformas. "Mas sobretudo os jovens, os jovens de sua geração, falaram e pediram por mudanças", disse a um público de universitários americanos.

Sem mencionar ações mais concretas de seu governo quanto à possibilidade de que Mubarak renuncie ainda nesta quinta-feira, Obama limitou-se a dizer que a "América ficará ao lado dos jovens egípcios" e que é preciso relembrar que "vivemos num mundo interconectado e o que acontece do outro lado do mundo afeta nossas vidas diretamente".
As declarações de Obama chegam um dia depois de o Congresso dos EUA terem classificado a atuação do governo na crise árabe como "fracassada".

CRÍTICAS

O governo Obama foi criticado por republicanos e democratas no Congresso dos EUA na quarta-feira pelo desempenho nas crises que atingem a Tunísia e o Egito. Os parlamentares julgaram as atitudes de Washington para apoiar as reformas democráticas nos dois países árabes como insuficientes e fracassadas.

"Tanto no Egito quanto no Líbano fracassamos em levar de forma efetiva a ajuda americana para apoiar as forças de paz, pró-democráticas e ajudar a construir instituições fortes, confiáveis, como um baluarte contra a instabilidade que agora se espalha para grande parte da região", disse a representante republicana Ileana Ros-Lehtinen durante audiência no Comitê de Relações Estrangeiras do Congresso, que ela preside.

"Ao invés de sermos proativos, ficamos obcecados com a manutenção de uma estabilidade de curto prazo, personalista, que nunca foi realmente assim tão estável, como demonstram os acontecimentos das últimas semanas", acrescentou.

No Egito, continuou a representante, "o governo [americano] fracassou em aproveitar a oportunidade para pressionar por reformas a fim de responder às frustrações dos manifestantes e evitar o caos e a violência".
No Líbano, acrescentou, onde o grupo islâmico Hizbollah levou o governo ao colapso, "estamos novamente confrontados com a ausência de uma estratégia americana de longo prazo".

As críticas vieram também do lado democrata. O representante Gary Ackerman argumentou que Washington está perdendo a chance de capitalizar o movimento democrático.
"Eu temo que no Egito estejamos transformando o sucesso em fracasso", disse Ackerman.
O parlamentar teme que o governo americano seja cada vez mais associado com o regime ditatorial de Hosni Mubarak, há 30 anos no poder.

"Simplesmente não podemos nos dar ao luxo de sermos vistos no Egito como os financiadores da repressão. O povo anseia pela liberdade", emendou.
Robert Satloff, diretor executivo do Instituto de Washington de Políticas para o Oriente Médio, disse que a demora de uma transição democrática é negativa para Washington.
"Mubarak disse (que a transição deve se dar em) oito meses, contou Obama. E cada dia desde então tem sido uma vitória para Mubarak", acrescentou Satloff.

Ele disse que Washington deve se preocupar com a possibilidade de grupos islamitas como a Irmandade Muçulmana --que iniciaram negociações com o governo de Mubarak-- se envolverem na política egípcia.
"A Irmandade Muçulmana foi fundada para islamizar a sociedade, para governar segundo a lei da sharia", afirmou.
"Ela nunca desistiu de seu objetivo", concluiu.

Fonte: Folha

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