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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Um general de olho nas ONGs


As maiores aliadas dos índios estão na mira do novo comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Pereira. Há pouco tempo no posto, ele se declara surpreso com a quantidade de organizações não-governamentais (ONGs) que trabalham com os índios. “Fica difícil entender por que pouquíssimas ONGs dedicam-se a socorrer a população nordestina enquanto centenas delas trabalham junto às populações indígenas”, diz. O general Heleno – que chefiou as tropas de paz enviadas ao Haiti – afirma que não é função do Exército fiscalizar ONGs, mas promete informar “os escalões competentes” sobre aquelas que, na sua opinião, influírem “negativamente” no trabalho dos militares. Ele faz uma divisão: “Sei que algumas realizam um trabalho meritório, outras, nem tanto.”

O Exército considera que a Amazônia é alvo de cobiça internacional?
Essa é uma questão que extrapola o componente militar. A cobiça internacional não se manifesta por ações explícitas de força. Ela age de forma sub-reptícia, pouco transparente e dissimulada. Fica difícil entender por que pouquíssimas ONGs dedicam-se a socorrer a população nordestina enquanto centenas delas trabalham junto às populações indígenas. Algumas, ao que parece, investem milhões de dólares na região.

Há irregularidades na atuação de ONGs na região?
Assumi o Comando Militar da Amazônia há pouco tempo, mas é fácil perceber a proliferação de ONGs na região. Não nos compete fiscalizá-las. Sei que algumas realizam um trabalho meritório, outras, nem tanto. Comecei a percorrer a área para me aprofundar no assunto. Informarei os escalões competentes sobre aquelas que influem negativamente no cumprimento das missões das Forças Armadas. O fato é que as ONGs surgem e atuam onde o Estado está ausente ou é deficiente. Alguns assuntos atraem a atenção internacional, por serem objeto de discussão em fóruns mundiais. A partir do momento em que a Amazônia for beneficiada pelo Plano Estratégico de Defesa Nacional, crescerá significativamente a presença do Estado e haverá a neutralização natural de ONGs nocivas ao País.

A Venezuela, que tem grande fronteira com o Brasil na região, está se armando. Como o Exército se prepara para enfrentar isso?
Armar-se é direito soberano de qualquer país. Preparar-se para defender a pátria e garantir a integridade territorial do Brasil é nossa missão constitucional. Nosso relacionamento com todos os países sul-americanos tem sido de amizade e cooperação, sobretudo no campo militar. Não há referência a qualquer ameaça à nossa soberania.

O senhor teme a internacionalização da Amazônia?
A Amazônia brasileira é nossa, de fato e de direito. Quem convive com o militar na Amazônia percebe que o espírito e a preparação do combatente de selva são a maior garantia que temos de que nossa Amazônia é intocável.

Há como salvar a Amazônia?
Jamais pensei em termos de salvar a Amazônia. Não identifico um estado de calamidade ou de grave perturbação da ordem. Vejo, sim, uma região fantástica, riquíssima, rarefeita em população e carente da presença do poder público. Desejo que as ações governamentais caminhem na direção do desenvolvimento sustentável, da ocupação e da presença racional e efetiva, e da correta exploração dos recursos naturais. Nós, militares, não queremos ser presença solitária em várias regiões da selva brasileira. Precisamos que os demais organismos estatais e privados se juntem a nós para integrar e desenvolver a Amazônia, sem prejuízos ao meio ambiente, mas sem abrir mão de usar o que é nosso.

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Fonte: Estadao

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