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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Presidente do Iêmen adia eleições e renuncia a novo mandato


O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, anunciou nesta quarta-feira que não vai concorrer a um novo mandato, mas ao mesmo tempo decidiu adiar as eleições legislativas previstas para 27 de abril, muito questionadas pela oposição.

"Sem governo hereditário e sem presidência vitalícia", afirmou Saleh durante uma reunião extraordinária do Parlamento e do Conselho Consultivo, na véspera de um novo "dia da revolta", convocado pela oposição para quinta-feira.
Milhares de iemenitas, inspirados pelos protestos populares na Tunísia e no Egito, protestaram nas ruas no dia 27 de janeiro para pedir a renúncia de Saleh, que está no poder há 32 anos.

Fonte: Terra



Iémen. Milhares juntam-se em protestos pacíficos

A Revolução Jasmim, na Tunísia, inspirou ontem milhares de iemenitas que se manifestaram nas ruas da capital, Sanaa, contra o presidente Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos. Os manifestantes mostraram desagrado pela iminência de uma alteração à lei que define o limite máximo de tempo de um mandato presidencial.

Em simultâneo com os protestos no Egipto, no Iémen as acções - que aconteceram em pelo menos quatro pontos na cidade - distinguiram-se pela calma e pelo pacifismo. A presença da polícia de choque fez-se notar, mas não houve quaisquer incidentes. O país está sob tensão desde sábado, quando a activista dos direitos humanos Tawakkol Karman foi detida pela polícia e acusada de preparar acções de protesto. A detenção provocou reacções tanto na capital como no interior do próprio Iémen. Karman foi libertada na segunda-feira, depois de se terem reunido numa manifestação de apoio cerca de 5 milhares de activistas.

"A revolução que se vai passar no Iémen é inspirada na Revolução Jasmim. A pressão do povo vai forçar a saída do presidente Saleh", afirmou, em declarações à CNN, depois de libertada. Apesar de no Iémen já se falar em revolução, Diogo Noivo, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança, disse ao i que este "caso não se pode comparar com os do Egipto ou da Tunísia", porque há guerras de secessão dentro do país, a acrescentar à crise de falta de água e alimentos e ao terrorismo. "O governo, embora pouco recomendável, ainda traz algum equilíbrio ao país", explica Noivo.

Violência crescente em Suez No terceiro dia de protestos antigoverno, a capital egípcia esteve em geral calma, mas em Suez os confrontos continuaram com violência. Os manifestantes incendiaram uma esquadra da polícia, e as autoridades responderam com disparos de canhões de água, balas de borracha e gás lacrimogéneo. Desde o início das manifestações, na terça-feira, mais de um milhar de militantes foram detidos e pelo menos seis pessoas morreram.

 

Para hoje está a ser convocado através das redes sociais novo protesto a nível nacional, logo depois das orações do meio-dia nas mesquitas. A mensagem que os activistas transmitiram durante o dia de ontem uns aos outros foi a de que não pretendem que esta manifestação seja violenta, apelando à união de todos os egípcios, sejam cristão coptas sejam muçulmanos.

Mohamed El Baradei, Prémio Nobel da Paz em 2005 e principal opositor de Mubarak, chegou ontem ao fim da tarde ao Cairo para "a grande manifestação por todo o país". "Vou estar lá com eles", disse El Baradei à Reuters, embora não vá liderar nenhum protesto. O reformista assume que "está na altura de Mubarak se retirar" e declarou aos jornalistas estar pronto para liderar um governo de transição. "Se o povo quiser que eu dirija a transição, não o vou decepcionar."

Diogo Noivo vê com cepticismo a possibilidade de o Egipto seguir os passos tunisianos até ao fim. "Na prática é difícil. Os regimes da Tunísia e do Egipto comportam-se de maneira muito diferente. O Egipto faz algumas cedências para aliviar a pressão nas ruas e depois volta a fechar", explica, acrescentando que, ali "não há uma figura como Nelson Mandela na África do Sul ou Lech Walesa na Polónia".


Fonte: I On Line
Por: Sara Pereira

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