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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O caos necessário no Egito


O presidente egípcio, Hosni Mubarak, que governa o país por trinta anos enfrenta sérias dificuldades sociais, econômicas e políticas. O Egito, que tem uma população de cerca de 84 milhões, apresentou um PIB de 5,3% em 2010. A renda per capita é de U$ 1.900 dólares, a inflação se encontra em 12,8% ao ano e a taxa de desemprego está em 9,7%. Segundo estimativas, 40% dos habitantes se encontram em condições de pobreza. As imagens da Garbage City (Cidade do Lixo), veiculadas pela CNN, são chocantes.



O presidente Hosni Mubarak pode não ser o aliado perfeito do Ocidente, mas contando com ampla ajuda financeira americana para financiar a sua agricultura e Forças Armadas, Mubarak em troca desempenhou um papel importante na contenção de grupos como os Muslims BrotherHood (Irmandade Muçulmana) cuja postura de radicalismo religioso levaria à região graves instabilidades. Os Estados Unidos só estão dispostos a perder o “amigo”, caso a revolução do povo se torne inevitável. Nesse ponto, viva a democracia e a liberdade de escolha.

O impacto relevante do caos necessário no Egito nos mercados acionários se explica por três razões: instabilidade política e religiosa que um novo governo, especialmente caso grupos radicais consigam viabilizar a transição, levaria à região e às relações com o Ocidente; uma eventual interrupção da produção de petróleo no País teria efeitos razoáveis nas cotações internacionais dessa commoditie; e por fim, um bloqueio do canal de Suez impediria que embarcações carregadas dos mais variados produtos naveguem da Europa à Ásia e vice versa.



Os prêmios dos títulos egípcios terão que ser elevados para financiamento da dívida e todos estarão atentos às reações dos investidores nos próximos leilões de venda desses ativos. Além disso, importante saber quem são os credores e analisar os riscos recorrentes de um novo governo desalinhado com as boas práticas de mercado. Enquanto o presidente Mubarak lança mão de práticas jurássicas de controle da Internet e da imprensa, a comunidade internacional se preocupa – e muito – com o novo que está por vir.


Por: Artur Salles Lisboa de Oliveira.

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