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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mubarak deve deixar o poder até sexta, diz ElBaradei


O líder opositor Mohamed ElBaradei afirmou nesta terça-feira, 1º, que o contestado presidente do Egito, Hosni Mubarak, deve deixar o poder até sexta-feira, segundo entrevista dada ao canal por satélite Al-Arabiya.

"O que eu ouvi (dos manifestantes) é que eles querem que isso acabe, se não hoje (terça-feira), então até a sexta-feira no máximo", afirmou ElBaradei, acrescentando que os egípcios marcaram a sexta-feira como o "dia da partida".
Nobel da Paz, ElBaradei já chefiou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). "Eu espero que o presidente Mubarak vá antes disso e deixe o país após 30 anos de domínio. Não acho que ele quer ver mais sangue", afirmou.

ElBaradei já havia dito antes que "chegou a hora de Mubarak deixar o poder". O opositor emerge como um dos líderes da manifestações que tomaram conta do país desde a terça-feira passada e afirmou que pode liderar o Egito em um governo de transição se assim o for solicitado.



Em entrevista ao jornal britânico Independent, ElBradei disse que pode considerar o posto de presidente provisório até a realização de eleições. O opositor afirmou: "Se houver um consenso de todas as pessoas para que eu faça tudo que puder por elas, eu farei isso."

Na mesma entrevista, ElBaradei afirmou não acreditar que o Exército egípcio use a violência para conter os manifestantes. "Eu acho que, no final, o Exército egípcio estará com o povo", disse. "O Exército é parte do povo."
Os distúrbios no Egito foram inspirados na "Revolução do Jasmim", que derrubou o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, há duas semanas. No Iêmen e na Jordânia também foram registradas manifestações.


Multidão no Cairo já soma um milhão para protestar contra Mubarak

Cerca de um milhão de egípcios se reuniram nas imediações da Praça Tahrir, no centro do Cairo, para atender aos chamados para os protestos contra o regime do presidente Hosni Mubarak, de acordo com informações do canal árabe Al-Jazira. Nesta terça-feira, 1º, foi convocada a "marcha dos milhões", o maior dos protestos já organizados pela população para pressionar o governo a renunciar, o que vem ocorrendo há uma semana.

Além das passeatas no centro da capital egípcia, milhares saíram em protesto na cidade de Suez, no leste do país. Também há manifestações em Alexandria, na costa norte, Ismaília e cidades no delta do Nilo, como Tanta, Mansoura e Mahalla el-Kubra.

Mais de um milhão de egípcio saíram às ruas para protestar contra o regime de Mubarak, há 30 anos no poder, como planejavam os manifestantes, de acordo com a Reuters. O Exército está nas ruas, mas na noite de segunda adiantou que reconhece as "reivindicações legítimas do povo" e que não usaria a força para reprimir os atos pacíficos.

Analistas dizem que o destino de Mubarak agora está nas mãos dos militares, no que pode ser a maior reviravolta política no país desde que o Exército depôs o rei Fahrouk, em 1952. A postura das Forças Armadas ante os protestos mostra que elas não estão alinhadas ao presidente.
"Mubarak, vá para a Arábia Saudita ou o Bahrein", "Não te queremos, não te queremos", gritavam homens, mulheres e crianças na multidão que começou a se formar nas primeiras horas do dia. "Revolução, revolução até a vitória", entoavam alguns. Entre os manifestantes há representantes de todas as classes sociais egípcias.

As cenas na Praça Tahrir contrastam com as imagens de sexta-feira, quando a polícia usou cassetetes, gás lacrimogêneo e jatos de água contra os manifestantes. Há rumores de que os manifestantes irão em passeata até o Palácio Presidencial, mas ao cair da noite, por volta das 18 horas locais (14 horas em Brasília), a multidão não havia saída da praça, enquanto mais manifestantes chegavam.

"Estamos pedindo a derrubada do regime. Temos uma meta, que é retirar Mubarak, nada mais. Nossos políticos precisam intervir e formar coalizões e comitês para propor um novo governo", disse um manifestante.

O serviço de internet segue fora do ar e os servidores telefônicos operam apenas parcialmente. O governo fechou estradas para evitar a aglomeração e sufocar os protestos, mas as medidas não estão adiantando. Os manifestantes dizem que permanecerão na Praça o tempo que for necessário para que Mubarak saia do poder.

Mubarak ainda não se manifestou sobre os pedidos de renúncia. O presidente, porém, em uma tentativa de apaziguar os ânimos dos manifestantes, dissolveu seu gabinete e nomeou um novo primeiro-ministro, além de ter apontado um vice - o primeiro em seus 30 anos de governo. Ambos são militares e bastante próximos do presidente e por isso os manifestantes rejeitaram as indicações.
Os distúrbios no Egito foram inspirados na "Revolução do Jasmim", que derrubou o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro. No Iêmen e na Jordânia também foram registradas manifestações.


Fonte: Estadao

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