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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

EUA dizem que Irã teme revolta popular contra regime islâmico


Os Estados Unidos afirmaram nesta sexta-feira que o governo do Irã está "com medo da vontade de seu povo", procurando usar a revolta popular no Egito para levantar pressão política sobre os dirigentes da República Islâmica.

O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que líderes iranianos aparentavam preocupação com a possibilidade de a revolta espalhar-se, afirmando que Teerã estava prendendo pessoas, cortando a internet e bloqueando a recepção de emissoras internacionais por satélite, como as árabes Al Jazeera e Al Arabiya, e as ocidentais CNN e BBC.

"O governo iraniano deveria permitir à população iraniana a exercer o mesmo direito de manifestação pacífica e a possibilidade de comunicar suas demandas" que foi possível no Egito, disse Gibbs.

O governo do Irã está "francamente assustado com o desejo de sua população", disse Gibbs.
Durante a crise egípcia líderes iranianos, entre eles o presidente Mahmoud Ahmadinejad, tentaram capitalizar as revoltas como um novo "amanhecer islâmico" no mundo árabe, indicando o desejo de que os novos governos na Tunísia e no Egito fossem de cunho fundamentalista.
"Estamos à beira de grandes mudanças e a missão que temos hoje é muito mais importante do que há cinco ou 20 anos, e o povo iraniano deve explicar o pensamento divino da revolução e apresentá-lo ao mundo", advertiu Ahmadinejad ainda no início deste mês.
Mais cedo nesta sexta, ele afirmou que não haverá espaço nem para Israel nem para os Estados Unidos no novo Oriente Médio que começou a ser gestado.

Em um discurso durante a celebração do aniversário de 32 anos do triunfo da revolta iraniana contra a dinastia Phaleví --a Revolução Islâmica de 1979--, o mandatário enfatizou também que seu país seguirá adiante "sozinho" com seu polêmico programa nuclear já que "não precisa das potências estrangeiras".
Mesmo assim, Ahmadinejad exigiu que o Ocidente não se intrometa nos assuntos internos do Egito e da Tunísia e afirmou que as revoltas em ambos os países são uma mostra do declínio da influência dos EUA na região.

"Se desejam mudar sua conduta e conseguir que outros países confiem neles, primeiro devem deixar de interferir nos assuntos de outras nações, incluindo Egito e Tunísia, e permitir que adotem suas próprias decisões", afirmou. "[Decisões] Em seu direito de serem livres, em seu direito de expressar suas opiniões e eleger o tipo de governo e governantes que querem ter."

REPRESSÃO

Há apenas um ano e meio, o regime iraniano reprimiu com grande violência uma mobilização popular similar da população contra a polêmica reeleição do próprio Ahmadinejad, que a oposição qualificou de fraudulenta.
Em sua argumentação, o mandatário iraniano afirmou que as grandes potências mundiais tentam mostrar-se como amigos dos países do norte da África, mas que suas esperanças são malignas.

"Apesar de todos os seus planos diabólicos, com a ajuda de Deus e a resistência do povo, a região se transformará em um novo Oriente Médio no qual não existirão nem os EUA nem o regime sionista", disse.
"Os regimes arrogantes não terão espaço no Oriente Médio. Em breve, todo o planeta experimentará o agradável sabor de um mundo sem os sionistas e seus capangas", concluiu.
Suas palavras foram aplaudidas pelos milhares de iranianos que se reuniram nesta sexta-feira, apesar do frio, na emblemática praça Azadi, um dos cenários da Revolução Islâmica de 1979 que destronou o último xá da Pérsia, o pró-Ocidente Mohamad Reza Phalevi.


Fonte: Reuters

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