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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Vitória!!! Mubarak renuncia à Presidência do Egito e entrega o poder ao Exército



O presidente do Egito, Hosni Mubarak, de 82 anos, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (11), após um governo de quase 30 anos e que era contestado desde 25 de janeiro por grandes manifestações populares.
O anúncio da renúncia foi feito pelo recém-nomeado vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, em um curto pronunciamento na TV estatal. Mubarak entregou o poder ao Exército, disse Suleiman, com ar grave.

"O presidente Mohammed Hosni Mubarak decidiu deixar o cargo de presidente da república e encarregou o Alto Conselho Militar de cuidar das questões de Estado", disse Suleiman.
Os crescentes protestos que derrubaram Mubarak deixaram mais de 300 mortos e 5.000 feridos. Eles começaram em 25 de janeiro, inspirados pela queda do presidente da Tunísia, e tiveram impulso na internet, que comemorou a queda do ditador.

Ainda não havia detalhes sobre como ocorrerá a transferência.
Um porta-voz disse que o Conselho Militar vai anunciar medidas para uma "fase de transição" no país, segundo comunicado lido na TV estatal. O conselho também disse que "não há alternativa à legitimidade do povo".

O ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, deve ser o chefe do conselho, segundo fontes militares. Ele passou em frente ao palácio presidencial, no Cairo, no início da noite desta sexta, saudando a multidão.
O conselho poderia derrubar o gabinete de ministros de Mubarak, fechar as duas casas do Parlamento e governar diretamente com a Corte Constitucional, segundo a TV Al Arabiya.
O país tem eleições presidenciais marcadas para setembro.

Celebração

A notícia da renúncia, exigida pelos manifestantes, foi imediatamente celebrada com festa nas ruas do Cairo e das outras grandes cidades do Egito.
Por volta das 18h locais (14h de Brasília), na lotada Praça Tahrir, que foi o centro nervoso dos protestos, manifestantes cantavam: 'o povo derrubou o governo'.
Manifestantes se abraçavam, e algumas pessoas desmaiaram de emoção. O fato de o Exército participar da transição foi bem recebido pela população nas ruas.
Houve comemorações em outros países árabes, como a Tunísia, e egípcios celebraram a notícia até em São Paulo.

Oposição


O oposicionista Muhamed ElBaradei, uma das principais figuras dos protestos, disse que o Egito "esperou por décadas" por este dia. Ele afirmou

A Irmandade Muçulmana, principal grupo opositor, parabenizou o povo e o Exército do Egito pela notícia. Eles celebraram o fato de que o Exército "cumpriu suas promessas".
O blogueiro Wael Ghonim, um cibermilitante que passou 12 dias preso e virou ícone do movimento, escreveu no seu Twitter: "Parabéns ao Egito, o criminoso deixou o palácio".
Manifestantes que faziam vigília na Praça Tahrir disseram que, após a festa, voltariam para casa.

"Nós podemos finalmente ir para casa!", disse chorando Mohammed Ibhahim, de 38 anos, um dos organizadores dos protestos. "Nós estamos aqui há 18 dias esperando ele ir embora e conseguimos."

EUA e Europa

O presidente dos EUA, Barack Obama,
disse que a saída de Mubarak é só o começo, e não o fim do processo de transição no país.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, disse que respeitava a decisão de Mubarak e pediu diálogo para a formação de um governo de "base ampla" no país.

Fora do Cairo

Mubarak havia partido pouco antes para o balneário de Sharm el Sheij, no Mar Vermelho, a 400 km do Cairo, informou Mohammed Abdellah, porta-voz de seu partido, o Nacional Democrático.

O governo da Suíça anunciou que vai congelar os possíveis bens de Mubarak no país, segundo a chancelaria.

Exército

Mais cedo nesta sexta-feira, o Exército havia soltado nota prometendo levantar o estado de emergência sob o qual o país vive desde 1981, "assim que as circunstâncias atuais terminassem", em uma aparente demonstração de apoio à transição proposta por Mubarak.
Mas esse comunicado não bastou para que os manifestantes desistissem de marchar.
Em Al Arish, no Sinai, confronto entre manifestantes e a polícia deixou um morto e 20 feridos.

Última cartada

Na véspera, Mubarak tentou uma última cartada para continuar no poder até a transição.
Ele frustrou os manifestantes que esperavam sua renúncia imediata e confirmou, em discurso na TV, que pretende continuar no governo até setembro, à frente da transição de poder. Ele também disse que iria transferir poderes ao seu vice.

Sameh Shoukr, embaixador do Egito nos EUA, explicou que Mubarak transferiu todos os poderes da presidência para seu vice, mas permanece do chefe de Estado "de jure" (de direito). O embaixador disse que esta versão lhe foi contada pelo próprio Suleiman.
A decisão de Mubarak de ficar durante a transição irritou ainda mais a população local. Milhares de pessoas passaram a noite na praça Tahrir.

Em um discurso de tom patriótico, Mubarak afirmou que a transição no Egito em crise vai ocorrer "dia após dia"  até as eleições presidenciais marcadas para setembro. Ele prometeu proteger a Constituição durante todo o processo.
Mubarak disse que propôs emendas aos artigos 76, 77, 88, 93 e 189, e cancelou o 179, que dava poderes extras ao governo em caso de combate ao terrorismo.
O presidente afirmou que iria transferir poderes a Suleiman, segundo a Constituição, mas não esclareceu quando, até que ponto ou de que maneira isso ocorreria.

Em discurso posterior ao de Mubarak, Suleiman, -que já vinha liderando as negociações com a oposição- se comprometeu a tentar fazer "uma transição pacífica de poder" e pediu que os manifestantes acampados no Cairo voltem para casa.



'Saída honrosa'

O deputado trabalhista israelense Benjamin Ben Eliezer afirmou nesta sexta que Mubarak comentou com ele, em uma conversa por telefone na noite de quinta-feira, pouco antes de seu discurso à nação, que estava buscando uma "saída honrosa".
"Ele sabe que acabou, que é o fim do caminho. Só me disse uma coisa pouco antes de seu discurso, que procurava uma saída", afirmou Ben Eliezer à rádio militar.

Ben Eliezer, que até recentemente foi ministro do Comércio e da Indústria, é considerado o dirigente israelense mais próximo de Mubarak, a quem visitou em várias ocasiões.
Em 1979, o Egito se tornou o primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com Israel, e o país tem apoiado os EUA em seus esforços para tentar encerrar o conflito entre israelenses e palestinos. Nesta sexta, a Casa Branca pediu ao novo governo egípcio que respeite a paz com Israel.
Na semana passada, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou para o risco de uma revolução islâmica no Egito, inspirada no modelo iraniano, se o grupo opositor Irmandade Muçulmana eventualmente assumisse o poder.


Fonte: G1

Comemoração pelo fim de governo Mubarak no Egito entra na madrugada

As comemorações pelo fim de 30 anos do governo de Hosni Mubarak no Egito entrou na madrugada de sábado (12) no país, com uma multidão ainda nas ruas das principais cidades do país.
Em Ismailia, no norte do país, multidões celebram e sacodem bandeiras do Egito, enquanto em Suez, os militares estão no centro das comemorações.
As duas cidades testemunharam alguns dos maiores confrontos entre manifestantes anti e pró Mubarak nas últimas semanas, assim com enfrentamentos com forças de segurança.

Renúncia de Mubarak é só o começo da transição no Egito, afirma Obama

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta sexta-feira (11) que a renúncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak, "é o começo, e não o fim" do processo de transição democrática no país.

"O povo do Egito falou, suas vozes foram ouvidas, e o país nunca mais será o mesmo", disse Obama.
"Renunciando, o presidente Mubarak respondeu à fome do povo egípcio por mudanças", disse Obama.

O americano afirmou que o povo mostrou que só vai aceitar uma "verdadeira democracia", e apelou ao Exército para que faça uma transição com credibilidade. O democrata também advertiu que o país terá "dias difíceis" pela frente.
Obama e o bloco europeu pressionaram pela saída de Mubarak, antigo aliado dos EUA na região.
O presidente americano inicialmente pediu uma "transição imediata", ou seja, a saída imediata de Mubarak, mas depois atenuou sua posição.



 
Fonte: G1

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