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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Protestos no Egito e Mobilização Popular: Superação do medo e a luta contra ditaduras


O Egito chega ao quarto dia ininterrupto de protestos, apelidado de Dia da Ira, em que milhares de manifestantes tomaram as principais ruas do país (como o Cairo, Alexandria e Suez) sem dar sinais de que irão recuar frente à polícia até que caia o regime de Hosni Mubarak, no poder há 30 anos.

Desde ontem a internet no Egito está praticamente inacessível e a população acusa o governo de - ilegalmente - ter "desligado" a internet. O Twitter e o Facebook já estavam inacessíveis e em alguns lugares as linhas de telefonia celular foram cortadas e mesmo a telefonia fixa passa por problemas. A transmissão via satélite do canal Al Jazeera foi cortado no Egito que pode se tornar um verdadeiro buraco negro informacional.

A repressão policial no Egito vem sendo brutal, os mortos são pelo menos oito, centenas de pessoas estão feridas ou foram presas pela polícia e encontram-se em paradeiros desconhecidos. O líder da oposição democrática, o ex-chefe da Agência Nuclear da ONU, Mohamed El Baradei encontra-se preso assim como diversos líderes da Irmandade Muçulmana e de outros partidos de oposição.

 Jornalistas, em especial câmeras, são alvos preferenciais da polícia egípcia que tenta somar ampliar o blecaute informacional e proibir que imagens saiam do país.

Os protestos no Egito começaram depois que o líder da Tunísia, Zine el Abdine Ben Ali foi deposto depois de 29 dias de protestos contínuos no país. A queda de um antigo fitador Árabe - forte aliado dos EUA na região - serviu de gatilho para que a revolta se espalhasse para o Egito e mesmo para o Iêmen, onde milhares de manifestantes também exigem a saída de Saleh, no poder há 32 anos.

As imagens reproduzidas pela Al Jazeera e também pela BBC e por outras redes presentes no Egito são estarrecedoras. Frente à extrema violência policial a reação apaixonada e inebriada de milhares - talvez milhões - de egípcios que apenas pelo seu número conseguem forçar as forças de segurança a recuar.

O povo egípcio luta pela queda de Hosni Mubarak e de seu regime e não parecem estar dispostos a aceitar nada além. A mobilização na Tunísia, durante 29 dias, mostrou que o povo pode ter o poder nas mãos. Ou melhor, que o povo pode retomar o poder que ditadores usurparam.

O exército que foi mobilizado nas ruas, até agora, não deu mostras de conseguir conter os protestos e, felizmente, não usaram força total contra a população.

É difícil prever o resultado - em termos de perdas humanas - de um envio de tropas do exército para conter as manifestações: Exércitos são treinados não para meramente conter, mas para destruir um inimigo.


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