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sábado, 22 de janeiro de 2011

Últimos acontecimentos em Costa do Marfim e Sudão: EM NOME DE QUEM TRABALHA A ONU?


Intervencionismo e ingerência do imperialismo no continente africano. A Segunda Vaga…

A História da opressão e «partilha de África» pelas potências coloniais ocidentais e a tão complexa como apaixonante história do processo de descolonização formal de África (cujo início se verificou há já meio século) evidenciam como o continente onde se concentram cerca de 30% das reservas mundiais de minerais e metais, mais de 10% das reservas de petróleo, cerca de 8% das reservas de gás, 17% das florestas mundiais e cerca de 60% das terras aráveis não exploradas do mundo, nunca deixou, na sua história, de ser o alvo do saque, da ingerência e da guerra instigada e levada a cabo pelas principais potências colonialistas mundiais.

A realidade dos últimos 30 anos demonstra igualmente que o continente africano nunca deixou de estar na mira do imperialismo. Desde o apoio a regimes criminosos como o do apharteid até à instigação de conflitos de origem étnico-religiosa por via do financiamento e fornecimento de armamento a grupos e milícias, passando pelo apoio a cliques ligadas às grandes multinacionais europeias e norte-americanas (com a consequente formação de burguesias interessadas numa relação de dependência neocolonial); pelos mecanismos da dívida externa, dos programas do FMI, dos «acordos» como os da União Europeia ou mesmo da NATO e pela crescente militarização do continente por via, nomeadamente do AFRICOM, tudo tem servido para contrariar o aprofundamento dos processos de real libertação dos povos africanos e assim eternizar o domínio económico e geopolítico do imperialismo no continente africano.

Miseria: Uma das conseqüências da politica da ONU em relacao a Africa. Nao acredita? O Conselho de Seguranca da ONU e formado por quem?

Esta é uma realidade que longe de se esbater, pelo contrário se acentua. O aprofundamento da crise do capitalismo e a crescente dependência da tríade capitalista face às riquezas, matérias-primas e recursos naturais existentes no continente africano, compaginado com a crescente preocupação de potências imperialistas como os EUA e a França face a realidades como a crescente «presença chinesa» ̶ e a intensificação das suas relações comerciais no continente em busca de matérias-primas para alimentar o seu desenvolvimento e crescimento económico ̶ ou as crescentes relações económicas e políticas da África do Sul com os BRICs (Brasil, Rússia, India e China) ou com países da América Latina como Cuba ou a Venezuela, são factores que apontam para uma perspectiva de maior intervencionismo e ingerência do imperialismo no continente africano, usando os métodos que lhe são característicos, nomeadamente o do «dividir para reinar».

É exactamente à luz desta análise que lemos os recentes acontecimentos no Sudão. Depois de décadas de instigação e alimentação de um brutal conflito que tem as suas origens na História de domínio sobre as enormes reservas de petróleo e riquezas minerais deste País, as potências ocidentais (nomeadamente os EUA e a França), confrontadas com as crescentes relações económicas de Cartum com Pequim, jogaram os dados de um «acordo de paz» que será tudo menos uma história com fim feliz. O actual referendo, a indisfarçável opção do imperialismo pela divisão do Sudão, o real risco da sua «balcanização» pós referendo, são o exemplo concreto de como, instrumentalizando facções e etnias, financiando cliques que enriquecem exponencialmente num país que tem mais de metade da sua população a viver abaixo do limiar da pobreza, se leva a cabo uma estratégia para manter o domínio imperialista sobre as riquezas naturais do maior país africano que se estende desde o Mar Vermelho até à África Central.

Os acontecimentos no Sudão, mas também na Costa do Marfim, revelam que as velhas estratégias imperialistas de instigação à divisão e ao conflito político e militar não foram abandonadas e que nesse quadro é difícil, se não impossível, falar-se de real vontade popular. E revelam acima de tudo a imperiosa necessidade de as forças populares, nacionais e progressistas africanas insistirem na emancipação nacional e social dos seus povos concretizando assim o que muitos chamam de «segunda vaga de libertação» dos povos africanos.

Fonte: Avante!
Por: Ângelo Alves

NOTA DO EDITOR:
Tenham muito cuidado ao ler as reportagens abaixo. Nem sempre as coisas parecem ser o que realmente são!


Especialistas temem genocídio na Costa do Marfim


Especialistas em diretos humanos ligados às Nações Unidas fizeram um alerta para possibilidade de um genocídio na Costa do Marfim. De acordo com Edward Luck, conselheiro especial da área de proteção, as alegações de que milícias e as próprias forças armadas estariam recrutando grupos étnicos armados é “particularmente perturbador”.

"Há um risco real de que confrontos entre esses grupos espalhem-se pelo país”, diz Luck, citado pela Voz da América. “Se não for visto de perto, isso pode acabar em atrocidades em massa.” Segundo o especialista, os dois lados são responsáveis por conter o discurso “inflamatório”, que incitam o ódio e a violência.

A Costa do Marfim – maior produtor de cacau do mundo – vive um impasse político desde o segundo turno das eleições presidenciais, em 28 de novembro passado. Quatro dias depois da votação, a Comissão Eleitoral anunciou a vitória de Alessane Ouattar, da oposição. Mas a Corte Constitucional anulou os votos de sete regiões no Norte, sob alegação de irregularidades, e declarou o então presidente Laurent Gbagbo como vencedor.
Desde então, a comunidade internacional pressiona Gbagbo a deixar o poder. Com o apoio das Forças Armadas, ele resiste e defende a vitória. Ontem (19), Gabgbo anunciou que não aceita mais o mediador escolhido pela União Africana. Segundo ele, o primeiro-ministro do Quênia, Raila Odinga, “não é um negociador neutro”.

Odinga deixou a Costa do Marfim dizendo que “o tempo para uma solução amigável está passando”. De acordo com ele, a possibilidade de anistia para Gbagbo e seus apoiadores diminui à medida que eles continuam “cometendo crimes contra civis e as forças de paz”.
Na quarta-feira (19), o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, por unanimidade, o envio de mais 2 mil soldados para a manutenção da paz na Costa do Marfim, elevando o total para 11 mil militares.

A eleição de novembro foi a primeira na Costa do Marfim em dez anos. Desde 2005, o pleito foi adiado algumas vezes por causa da falta de segurança. Três anos antes, uma tentativa de golpe tentou destituir Gbagbo. Ele manteve o posto, mas perdeu o controle da região norte do país – área que apoiou maciçamente a oposição e o candidato Ouattarra. Uma guerra civil estourou e durou dois anos.

Fonte: Agencia Brasil
Por: Eduardo Castro

Mortos por crise na Costa do Marfim chegam a 260, segundo missão da ONU

ABIDJAN - O número de mortos em incidentes causados pela crise política na Costa do Marfim desde o segundo turno das eleições presidenciais, em 28 de novembro passado, chegou a 260, informou nesta quinta-feira, 20, a missão das Nações Unidas no país (Onuci).
Durante a entrevista coletiva semanal na capital financeira do país, a Onuci divulgou em comunicado de sua divisão de Direitos Humanos que se registraram outros 13 casos de mortes como consequência da violência no país.

"Estes novos casos elevam de 247 para 260 o número de mortos desde meados de dezembro passado", disse o diretor dessa divisão, Simón Munzu.

A Onuci contabiliza os mortos desde 16 de dezembro, quando as forças policiais e o Exército da Costa do Marfim, que apoiam o presidente de fato Laurent Gbagbo, cercaram o Hotel Golf, onde Alassane Ouattara, quem a ONU e a comunidade internacional reconhecem como governante eleito do país, instalou a sede de seu governo.
Munzu fez também uma chamada para que as forças de defesa e de segurança leais a Gbagbo "cessem os abusos contra a população civil".

Fonte: EFE

Líder marfinense ordena revista em veículos da ONU

O presidente de facto da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, ordenou que os militares parem e revistem os veículos da Organização das Nações Unidas (ONU), em mais uma medida de hostilidade entre o homem que se recusa a deixar o poder e a organização mundial que afirma que o rival dele foi o vencedor da eleição presidencial. "Isto é apenas mais uma forma de perseguição", disse hoje a porta-voz da ONU Corinne Momal-Vanian, em Genebra.
A medida foi tomada após uma série de ataques contra veículos e soldados da ONU no volátil país do oeste africano. Na semana passada, pessoas e forças de segurança aliadas a Gbagbo atacaram pelo menos seis veículos da ONU, ateando fogo a alguns deles e deixando dois feridos.

Funcionários locais da ONU não acataram a ordem e disseram que as leis internacionais dão a eles liberdade de movimento. "Nós esperamos que esta liberdade seja respeitada", disse o porta-voz da missão na Costa do Marfim, Hamadoun Toure. Ele não disse, porém, o que os funcionários da organização farão se seus veículos forem parados pelas forças de segurança.
A ordem para a revista de veículos da ONU foi anunciada pelo coronel Hilaire Gohourou na televisão estatal na noite de ontem. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou a violência contra os funcionários da ONU e disse que ela constitui crime perante as leis internacionais.

O governo de Gbagbo já tentou mandar as tropas da ONU para fora do país, afirmando que elas não são imparciais, depois de o organismo ter certificado o resultado que mostra que Alassane Ouattara venceu o segundo turno da eleição presidencial, realizado em 28 de novembro.

A agência da ONU para refugiados também pediu hoje que os países vizinhos permitam que os refugiados marfinenses permaneçam em seus territórios. Dezenas de milhares de pessoas fugiram para a Libéria, enquanto outros seguiram para a Guiné, Gana, Mali e Burkina Faso.
Gbagbo continua a ocupar o palácio presidencial enquanto o presidente reconhecido pela comunidade internacional é forçado a viver sitiado no interior de um hotel. Ouattara é protegido por uma guarda de 800 soldados da ONU, que transformaram o hotel Golf num forte cercado de arame farpado.
Os países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas, na sigla em inglês) ameaçam depor Gbagbo pela força se as negociações fracassarem, mas não estabeleceram uma data para a intervenção. As informações são da Associated Press.

Fonte: Agencia Estado


Conselho de Segurança da ONU aprova envio de 2 mil soldados à Costa do Marfim


O Conselho de Segurança da ONU adotou nesta quarta-feira uma resolução que autoriza o envio de 2 mil soldados à Costa do Marfim para reforçar a missão do organismo no país (Unoci) e pressionar o presidente de fato, Laurent Gbagbo, a deixar o cargo.

A resolução, promovida por França e EUA, teve o apoio unânime dos 15 membros do principal órgão de segurança das Nações Unidas, depois que algumas divergências sobre a redação do texto que impediram sua adoção na terça-feira foram superadas.
O documento aprovado nesta quarta-feira também exige aos veículos de informação partidários de Gbagbo que ponham fim à "propagação de informação falsa" para incitar a violência contra os capacetes azuis da ONU.
Além disso, dá o sinal verde para o desdobramento de três helicópteros de artilharia da missão da ONU na vizinha Libéria (UNMIL) e amplia por mais quatro semanas a presença dos 500 soldados de reforços da UNIML que já tinham sido enviados no final do ano passado.
Os 2 mil novos militares correspondem aos reforços que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, solicitou na semana passada para a Unoci.

Ban afirmou que era necessário aumentar as tropas da Unoci para enfrentar uma situação cada vez mais hostil e garantir a proteção dos civis, particularmente nos bairros de seguidores de Alassane Ouattara, quem a comunidade internacional considera vencedor das eleições de novembro.
Os comboios das Nações Unidas foram alvo de disparos de partidários de Gbagbo e seus caminhões com provisões foram saqueados por jovens incitados pelos seguidores do governante, segundo a Unoci.
Os responsáveis pela missão também alertaram para a deterioração da situação no Hotel Golf, sede do Governo de Ouattara, que permanece cercado pelas forças de Gbagbo há um mês e meio.

Laurent Gbagbo

A autorização dos novos reforços pelo Conselho de Segurança coincide com o fracasso da segunda tentativa do enviado da União Africana (UA) e primeiro-ministro do Quênia, Raila Odinga, de solucionar a crise política que ameaça o país com uma nova guerra civil.
Odinga, quem chegou na segunda-feira passada a Abidjan para tentar convencer Gbagbo a transferir o poder, deixou a capital marfinense na manhã desta quarta-feira após declarar à imprensa que náo obteve "o avanço esperado".

Por sua vez, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, afirmou após uma reunião de líderes militares dos membros da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), que a organização continua considerando retirar Gbagbo através da força.
A crise da Costa do Marfim se suscitou após o segundo turno do pleito presidencial de 28 de novembro, quando a Comissão Eleitoral Independente (CEI) declarou a vitória de Ouattara, resultado que foi certificado pela Onuci e reconhecido pela comunidade internacional.
Gbagbo não reconheceu esse resultado e recorreu ao Conselho Constitucional, controlado por seus seguidores, que anulou a votação em sete departamentos amplamente favoráveis a Ouattara, declarando a sua reeleição.

A comunidade internacional não reconheceu sua vitória e exigiu que ele deixasse o poder.
Os enfrentamentos que se produziram desde então deixaram ao menos 247 mortos, embora os defensores dos direitos humanos suspeitem que o número real de vítimas seja muito maior.

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