Em meio aos protestos que tomam conta das ruas do Egito há quatro dias, o ditador Hosni Mubarak fez um discurso à nação nesta sexta-feira, anunciando que pediu a renúncia do atual governo e que formará um novo gabinete a partir de amanhã.
"Pedi ao governo para renunciar e formarei um novo governo", afirmou o ditador no pronunciamento transmitido pela TV.
Fontes médicas egípcias informaram que ao menos 18 pessoas morreram nos protestos nesta sexta-feira, o mais violento dia de manifestações contra Mubarak, nos 30 anos em que ele está no poder.
No discurso, ele prometeu ainda mais liberdade aos cidadãos, mas disse que as forças de segurança continuarão a agir para "garantir a segurança e evitar o caos no país".
"Como presidente desse país, garanto que estou protegendo as pessoas e garantindo liberdade, desde que respeitem a lei. Há uma linha tênue entre liberdade e caos, e estou pronto para garantir a liberdade das pessoas, mas também a segurança do Egito", disse Mubarak.
"Não vou permitir que nada aconteça que comprometa a paz, a lei e o futuro do país. O Egito é o maior país da região, temos que ter cuidado com atos que levem ao caos, não podemos permitir isso", acrescentou o ditador.
Mubarak afirmou ainda que as demonstrações mostram que as pessoas querem "mais empregos, preços mais baixos, menos pobreza". "Sei que todas essas questões sao necessárias, e trabalho por elas todos os dias. Mas não posso permitir saques e incêndios em locais publicos", afirmou.
"O que aconteceu nos últimos dias assustou as pessoas e trouxe insegurança a respeito do futuro. Assumo a responsabilidade pela segurança desse país e dos cidadãos, protegerei o Egito", disse ainda o ditador.
Durante o pronunciamento, o ditador disse ainda que são necessárias "mudanças para uma sociedade egípcia diferente e democrática". "A comunicação irá melhorar. Novos passos serão tomados por mais democracia, liberdade, empregos, desenvolvimento da economia e combate à pobreza. É isso que garantirá nosso futuro, e não poderemos fazer isso sem esperança e trabalho duro", acrescentou.
CAOS
As cenas mais caóticas foram registradas em Suez. A agência de notícias Reuters diz que a polícia abandonou áreas centrais da cidade, depois que os manifestantes superaram os cordões de segurança, roubaram armas de uma delegacia e queimaram o edifício, além de 20 veículos de patrulha estacionados perto do local.
A polícia tentou dispersar os manifestantes, que lançaram pedras e gritavam pela queda de Mubarak. Eles quebraram janelas e tentaram virar um dos caminhões da polícia. Os agentes finalmente desistiram e recuaram, abandonando ao menos oito caminhões da polícia.
Também no Cairo, mais de 300 pessoas foram presas e 120 ficaram feridas, segundo disseram fontes dos serviços de segurança citadas pela agência de notícias Efe.
As fontes relataram que os protestos chegaram até a bairros residenciais do Cairo, incluindo o de Roxy, próximo ao condomínio residencial onde vive o presidente egípcio, Hosni Mubarak, no poder desde 1981.
Houve protestos também no bairro de Maadi, na periferia da capital, habitado por muitos estrangeiros que trabalham em embaixadas ou empresas internacionais.
No distrito de Mohandiseen, ao menos 10 mil pessoas marchavam para o centro da cidade --uma multidão que chegou a 20 mil depois de passar áreas residenciais.
Fonte: Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário