Partido governista do Sudão diz que referendo no Sul foi 'justo'
Um importante dirigente do norte do Sudão disse na sexta-feira, 14, que o referendo sobre a independência do sul foi amplamente justo, e que o partido governista ao qual ele pertence aceitará a provável secessão.
"Estamos satisfeitos com o processo e, como foi declarado pelo presidente (Omar Hassan) al-Bashir, vamos respeitar o resultado do referendo... Provavelmente será pela secessão", disse Ibrahim Ghandour, do Partido do Congresso Nacional (PCN).
Essas foram as declarações com a postura mais conciliadora até agora por parte de Cartum, o que deve atenuar a tensão política no sul. Alguns analistas vinham alertando que o norte poderia tentar perturbar a votação, na tentativa de manter seu controle sobre as reservas petrolíferas sulistas.
Na sexta-feira, o referendo no sul do Sudão entrou no seu penúltimo dia - ele começou domingo passado. As autoridades dizem que o comparecimento já superou o quórum exigido, de 60% do eleitorado, e há ampla expectativa de que vença o "sim" à independência.
O referendo é parte de um acordo de 2005 que encerrou décadas de guerra civil entre o sul - de maioria negra e cristã ou animista - contra o norte - árabe e muçulmano. Aquela foi a guerra civil mais longa da África, com um saldo estimado em 2 milhões de mortos e 4 milhões de refugiados.
Ghandour, que é secretário de relações políticas do PCN, disse que a votação no sul foi "amplamente justa", apesar de relatos de que partidários da unidade sudanesa estavam sendo intimadas em áreas remotas do Estado de Bahr el Ghazal, que é parte do sul.
"Acho que até agora o processo está indo tranquilamente. O mais importante é que está indo muitíssimo pacificamente... Penso que alcançaremos os padrões exigidos", afirmou o dirigente. "Ainda esperamos para ver o relatório final dos nossos observadores e dos observadores internacionais."
Ele acrescentou que "se a secessão ocorrer, estamos prontos para apoiar o novo Estado, e esperamos ter relações fraternas com nossos ex-cidadãos."
Fonte: Estadao
Petróleo pode gerar nova guerra entre sul e norte do Sudão, diz relatório
Um relatório da organização Global Witness afirma que o Sudão precisa de mais transparência na divisão dos lucros da produção de petróleo para manter a paz na região.
O documento diz que as suspeitas sobre como esses lucros são divididos aumentaram muito a desconfiança entre as regiões norte e sul do país. A maioria do petróleo vem de poços no sul do Sudão, mas a infraestrutura está no norte.
Atualmente, o acordo para a divisão do dinheiro arrecadado com o petróleo determina que cada região fica com cerca da metade dos lucros.
Mas, o relatório da Global Witness opina que o norte e sul precisam de um novo acordo, mais transparente, para substituir o existente, que deve expirar no final de janeiro.
"Existe muita desconfiança se o atual sistema de distribuição da renda foi implementado de forma justa", afirma o relatório.
"A desconfiança sobre a divisão do dinheiro foi uma das razões primárias para a retirada temporária da região sul do acordo de divisão de poder. As provas sugerem que essa preocupação não é infundada", acrescenta o documento.
Atualmente, o acordo para a divisão do dinheiro arrecadado com o petróleo determina que cada região fica com cerca da metade dos lucros.
Mas, o relatório da Global Witness opina que o norte e sul precisam de um novo acordo, mais transparente, para substituir o existente, que deve expirar no final de janeiro.
"Existe muita desconfiança se o atual sistema de distribuição da renda foi implementado de forma justa", afirma o relatório.
"A desconfiança sobre a divisão do dinheiro foi uma das razões primárias para a retirada temporária da região sul do acordo de divisão de poder. As provas sugerem que essa preocupação não é infundada", acrescenta o documento.
Discrepâncias
O relatório da Global Witness afirma ainda que o governo sudanês e a China National Petroleum Corporation, a maior companhia que opera na região, não justificaram as discrepâncias nos índices de produção apresentados.
"Nas atuais circunstâncias, os cidadãos sudaneses não podem ter certeza da quantidade de petróleo que seu país produz e, portanto, não podem saber se o acordo para a divisão das riquezas geradas pelo petróleo está sendo implementado de uma forma justa."
"É crucial que essas questões sejam tratadas. Um novo acordo para o petróleo entre o norte e o sul é essencial para evitar uma volta à guerra", afirma o documento.
Referendo
A divulgação do documento ocorre dias antes do referendo de domingo, que vai decidir a respeito da independência da região sul do Sudão.
O referendo deve durar a semana toda e é parte do acordo de paz de 2005, que encerrou duas décadas de guerra civil entre o norte e o sul do país.
Segundo os termos do acordo, o partido governista do sul do Sudão, SPLM, e o partido governista do norte, NCP, concordavam em buscar a unidade.
Os últimos comícios antes do referendo que vai decidir a respeito da independência da região sul do Sudão ocorreram nesta sexta-feira na capital da região, Juba.
De acordo com o correspondente da BBC em Juba, Peter Martell, existe um clima de carnaval na cidade, com centenas de pessoas participando do que foi chamado de "a caminhada final para a liberdade".
Mais de 95% dos eleitores registrados estão no sul do Sudão; o resto dos eleitores são sudaneses do sul vivendo no norte do país ou em outros países.
O norte é habitado pela maioria da população muçulmana sunita, enquanto os cristãos se concentram no sul e na capital Cartum.
Em dezembro, o partido governista do sul do Sudão, o SPLM, apoiou publicamente, pela primeira vez, a independência para a região.
Existem indicações de que os sudaneses vão votar a favor da separação do país. O governo do país também teme que, caso o sul realmente declare independência, o Sudão possa se desintegrar.
Fonte: BBC Brasil
Mais de 2,7 milhões no Sudão do Sul irão necessitar de ajuda alimentar, diz ONU
Mais de 2,7 milhões de pessoas no Sudão do Sul precisarão de ajuda alimentar neste ano se episódios de violência começarem a surgir e a demanda aumentar por alimentos após o referendo de independência, disse a agência de alimentos da ONU nesta quarta-feira, 12.
Esta seria a pior hipótese possível para o já empobrecido sul, cuja população está atualmente votando para decidir se a parte sul do Sudão se separa do norte, tornando-se uma nação independente.
Mas mesmo na situação mais otimista, 1,4 milhões de pessoas do Sudão do Sul precisarão de assistência alimentar emergencial quando a estação seca começar em março, disse Amer Daoudi, representante do Programa Mundial de Alimentos no maior país da África.
Apesar do grande número de auxílios exigidos, a escassez de alimentos no Sul do Sudão diminuiu no ano passado após uma colheita abundante, aumentando a produção de cereais em 30%, disse ele.
"A situação melhorou drasticamente... Devido a uma favorável estação de chuvas", disse Daoudi a jornalistas em uma ligação da capital sudanesa Cartum.
"O Sudão do Sul tem o potencial não apenas de ser auto-suficiente, mas de ser um grande exportador de produção agrícola. Mas não agora", acrescentou.
Daoudi disse que haveria a necessidade de grandes investimentos para melhorar as técnicas de produção, estradas para a distribuição de bens e mercado para assegurar que os fazendeiros possam vender seu produto.
Enquanto isso, o vizinho Darfur permanece um dos maiores focos de fome , com 3,5 milhões de pessoas necessitando assistência alimentar, disse.
Fonte: Estadao
Saiba mais em: A Partilha da Africa e a Conferencia de Berlim
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