As forças de segurança tunisianas desalojaram nesta sexta-feira os milhares de manifestantes que se concentravam desde domingo na praça do Governo, em Túnis, para exigir que o primeiro-ministro, Mohamed Ghannouchi, abandone o cargo, além da ruptura definitiva com o antigo regime.
Cerca de 3.000 manifestantes, em sua maioria vindos das regiões mais pobres do centro e do sul do país, seguiram nesta sexta-feira para praça exigindo mais reformas, enquanto o resto da capital voltava aos poucos à normalidade.
As manifestações de dias atrás no centro cessaram nesta sexta-feira depois que Ghannouchi anunciou na noite de quinta-feira que todos os ministros fiéis ao presidente deposto Zine el Abidine Ben Ali tinham sido afastados de seus ministérios.
No entanto, as milhares de pessoas acampadas em frente ao escritório do primeiro-ministro disseram nesta sexta-feira que não pensavam em parar o protesto até que o primeiro-ministro abandonasse o cargo.
Para desalojar os manifestantes, os agentes lançaram gás lacrimogêneo e reprimiram os manifestantes com cassetetes.
Os enfrentamentos se transferiram posteriormente para as ruas adjacentes à avenida Habib Bourguiba, onde as forças antidistúrbios permaneceram por várias horas depois da dissolução dos manifestantes, enquanto helicópteros dos serviços de segurança sobrevoaram a área.
A dissolução aconteceu pouco depois que Ghannouchi mostrou sua disposição em falar com os representantes da concentração para ouvir suas reivindicações.
REPRESSÃO
Mohammed Krit, um dos porta-vozes da concentração, disse à Agência Efe que pelo menos nove pessoas foram transferidas ao hospital após a repressão policial.
Krit também denunciou que a polícia confiscou os computadores com os quais informavam sobre o que ocorria na praça, onde se encontra o escritório de Ghannouchi, através da rede social Facebook.
O secretário-geral do Fórum Democrático pelo Trabalho e as Liberdades (FDTL), Mustafa Ben Jaafar, assegurou à Efe que "é inconcebível que o novo Governo criado recentemente atue desta forma contra manifestantes pacíficos".
Além disso, Ben Jaafar pediu ao Executivo que deixe de reprimir os manifestantes e que busque o diálogo.
Neste sentido, ressaltou a necessidade de se criar uma comissão formada por representantes dos manifestantes e do Governo para substituir o mais em breve os responsáveis pela administração do antigo regime em nível regional e local, que continuam em seus cargos.
Por sua vez, Ahmed Mestiri, uma das principais figuras da oposição mais respeitada no país, declarou que "a ruptura com o antigo regime não está concluída".
"Cortaram a cabeça de Ben Ali, mas suas raízes continuam estendidas no país", disse Ridha Manzaugui, que participava do protesto.
Fonte: EFE
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