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sábado, 15 de janeiro de 2011

Histórico de sangue do Sudão - Exemplo da tragédia Imperialista na Africa



Procurado por crimes de guerra, Bashir é empossado no Sudão

27 de maio de 2010

O presidente sudanês Omar Hassan al-Bashir, o único chefe de Estado procurado por crimes de guerra pela Corte Internacional de Justiça, foi empossado nesta quinta-feira após sua reeleição em uma votação marcada por boicotes.
Bashir, que rejeita as acusações de que teria ordenado assassinatos, abusos sexuais e torturas em massa em Darfur, deverá presidir um referendo para a cessão do sul do Sudão o que, segundo analistas, dará independência à região produtora de petróleo.
Vestindo um manto e uma touca brancos, Bashir deu boas vindas a chefes de pelo menos cinco Estados africanos presentes na cerimônia, incluindo a Mauritânia, o Chade e o Djibuti.
"Esta fase marca um novo começo", disse Bashir a um Parlamento lotado. "Não retornaremos à guerra, e não haverá lugar para minar a segurança e a estabilidade", disse ele.

Mas a pompa e circunstância na homenagem ao polêmico líder colocaram diplomatas europeus e funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) num dilema, especialmente em meio às tensões persistentes entre Cartum e o sul semiautônomo. Os combates continuam em Darfur.
A União Europeia apoia os esforços para julgar Bashir, mas também quer manter o diálogo para garantir que o referendo não implique a renovação da guerra civil que já dura décadas no Sudão.
A ONU disse que enviaria dois importantes diplomatas ao Sudão, apesar das críticas de defensores dos direitos humanos.
"Diplomatas que participarem da posse de al-Bashir estarão rindo do apoio de seus governos para a justiça internacional", disse Elise Keppler, conselheiro sênior do Programa Internacional de Justiça do grupo Human Rights Watch.


Massacre Darfur: a história se repete

África vive nova tragédia humanitária, com o massacre da população de Darfur por milícias de etnias rivais

Mais uma vez, a barbárie se repete na África. Pelo menos 70 mil pessoas morreram e 1 milhão tiveram de abandonar suas casas para fugir da violência em Darfur, região localizada no oeste do Sudão. Uma guerra motivada por conflitos étnicos – que se arrasta desde sua anexação à ex-colônia britânica – e as disputas por recursos naturais valiosos criaram uma nova tragédia humanitária na área.
Darfur era um sultanato até ser anexado pelos britânicos à sua colônia, em 1916. A região entrou em guerra em 2003, quando forças rebeldes se chocaram com o governo central de Omar al-Bashir. O presidente é acusado de patrocinar milícias de grupos arabizados, os janjaweed, mais próximos culturalmente da população do norte, que domina política e economicamente o país. Os janjaweed têm provocado estupros e assassinatos em massa de civis, que estão deixando suas casas. Detalhe: eles compartilham com os grupos oprimidos a mesma religião, o islamismo, embora tenham culturas diferentes.
A disputa chamou a atenção das Nações Unidas em julho, quando mais de 300 mil pessoas fugiram para o vizinho Chade. O sinal vermelho acendeu devido à lembrança de outro conflito semelhante ocorrido havia exatos dez anos. Em 1994, cerca de 1 milhão de pessoas morreram e centenas de milhares fugiram de Ruanda. A guerra civil envolveu dois grupos que viviam às turras desde a saída dos colonizadores belgas. A maioria da população é hutu, etnia que domina o poder político.
A ONU demorou a intervir no episódio do genocídio em Ruanda. A lição fez com que, no caso de Darfur, o Conselho de Segurança se mexesse mais rapidamente. O CS pressionou o governo de Bashir para assinar um acordo, em julho, se comprometendo a desarmar os janjaweed. Mas observadores internacionais sustentaram que, apesar do acordo, a milícia continuou matando e destruindo os vilarejos da população civil.
Uma ação mais efetiva da ONU é esperada para que a população volte para suas casas em segurança. Enquanto isso, o número de mortos continua crescendo nos campos de refugiados. Nos últimos meses de 2004, havia pelo menos mil baixas por semana, provocadas por doenças e fome.
Os confrontos no Sudão não se limitam à região de Darfur. O governo, sediado no norte do país, área majoritariamente muçulmana e mais rica, também é acusado de oprimir a população do sul, mais pobre e dividida entre cristãos e animistas. A guerra dura mais de 50 anos. No final dos anos 90, foram descobertas reservas de petróleo no sul, acirrando a disputa.
Desde a atribulada saída dos poderes coloniais da África, as riquezas naturais do continente têm servido para financiar guerras e massacres. Um dos exemplos é Angola. Os guerrilheiros da Unita usavam os diamantes da região de Luzamba para a compra de armamento e munição. No Sudão, mais uma vez, a riqueza da África é usada para financiar as suas misérias.


Disputa dura desde o século 19

Motivo é econômico
As tensões entre os diferentes grupos étnicos que habitam Darfur não são novidade. No século 19, comerciantes da etnia fur lutavam contra grupos arabizados pela hegemonia do tráfico de escravos que movimentava economicamente a região. Além disso, os fur e os masalit, comunidades de agricultores sedentários, também disputavam o domínio das terras férteis com os zaghara e os baggara, pastores nômades de cultura árabe. Os baggara formam a maioria dos integrantes das milícias janjaweed, nome que significa “homem com cavalo e arma”. Apesar de terem a mesma religião, o Islã, os dois lados parecem se esquecer disso durante as disputas. As diferenças culturais e os interesses econômicos têm falado mais alto.

Saiba mais em: A Partilha da Africa e a Conferencia de Berlim

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