Páginas

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A real situação da FAB e o malfadado FX-2


Em 2007 o Brigadeiro Juniti Saito já alertava para o grau de obsolecência da nossa Força Aérea.

Em encontro reservado, Saito revela penúria da FAB

Deveria ser pública a audiência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara. Porém, a pedido do brigadeiro Juniti Saito, fecharam-se as portas. Em reserva, o Comandante da Aeronáutica revelou aos deputados detalhes da situação de penúria vivenciada pela Força Aérea Brasileira. Disse que a FAB não tem dinheiro nem para a manutenção de suas aeronaves.
Segundo apurou o blog, Saito informou que, das 719 aeronaves da Força Aérea apenas 267 (37%) encontram-se em condições de voar. As outras 452 (63%), à espera de manutenção, não têm condições de uso – 232 delas estão retidas no solo por falta de dinheiro para a aquisição de peças. A situação tende a piorar.
Segundo o brigadeiro, a frota brasileira é velha. O que torna a sua conservação cada vez mais onerosa. Oito em cada dez aviões da FAB têm mais de 15 anos de uso. A situação, de acordo com o relato de Saito, é incompatível com as atribuições da FAB. Entre elas, segundo as palavras do brigadeiro, anotadas por um dos deputados que o ouviam, está a de “manter a soberania e a defesa do espaço aéreo (13,5 milhões de quilômetros quadrados, incluindo a cobertura da área oceânica).”
Saito fez uma outra revelação que deixou preocupados alguns dos membros da comissão de Defesa da Câmara. Disse que o Brasil ostenta, hoje, a terceira posição na América Latina em relação ao poderio de seus aviões de caça. É superado pelo Peru, primeiro colocado, e pelo Chile, o segundo. E, em 2008, ficará atrás também da Venezuela.
O presidente venezuelano Hugo Chavez investe notáveis U$ 4 bilhões na área militar. No próximo ano, receberá 24 caças Sukhoi Su-30 que adquiriu da Rússia. “São aeronaves muito mais modernas do que as nossas”, lamuriou-se Saito. O brigadeiro disse aos deputados que a FAB acalenta a expectativa de adquirir novos caças. O projeto foi mandado à gaveta, porém, ainda no primeiro mandato de Lula.

Fonte: Defesanet 19 Outubro 2007
Será que o Governo não sabe que o poder de um país é medido pelo seu Poder Aéreo? Se esqueceram da experiência Argentina na Guerra das Malvinas??


Dilma deixa compra de caças da FAB para 2012

Por conta da situação fiscal preocupante e de dúvidas sobre a melhor opção, a presidente Dilma Rousseff definiu que a compra dos novos caças da FAB pode até ser decidida no fim deste ano, mas qualquer gasto só será feito a partir de 2012.
Com um corte em estudo que deve superar os R$ 40 bilhões no Orçamento e o trauma gerado pela tragédia no Rio, seria politicamente difícil para o governo decidir por um negócio tão caro neste momento em que o discurso é de austeridade.
A compra dos 36 aviões de combate não sairá por menos de R$ 10 bilhões. Será financiado, mas requer uma parcela imediata. Dilma também já havia decidido colher mais informações. O antecessor, Lula, havia concentrado o processo nas mãos do ministro Nelson Jobim (Defesa).

Além de ter feito questão de uma conversa a sós com o comandante Juniti Saito (Aeronáutica), ela também entregou documentos ao ministro do Desenvolvimento, seu amigo Fernando Pimentel. Dilma quer ouvir setores fora do governo, principalmente a Embraer, e criar um grupo interministerial que examine a questão, reanalisando os argumentos da FAB (pró-Gripen sueco) e da Defesa (pró-Rafale francês).
A negociação de preço provavelmente só ocorrerá após a escolha de um dos três concorrentes --o terceiro é o F/A-18 dos EUA-- e não há hoje a possibilidade de reabertura do negócio a outros concorrentes.
O adiamento confirma a enfraquecida posição do francês Dassault Rafale, preferido de Lula e de Jobim.
Mais caro dos aviões oferecidos e o último na preferência da FAB, ele sairia por US$ 8 bilhões (R$ 13,3 bilhões ontem), mas Jobim diz ter conseguido abater US$ 2 bilhões (R$ 3,3 bilhões) do valor.
Crescem, por consequência, as chances da opção mais barata, que era a escolhida pela avaliação técnica da FAB, o sueco Saab Gripen --cujo pacote custa US$ 6 bilhões (R$ 10 bilhões).
E um reforçado lobby norte-americano recolocou no páreo o Boeing F/A-18, cuja venda com armas e logística foi ofertada por US$ 7,7 bilhões (R$ 12,9 bilhões).

Dilma ouviu o lobby pessoalmente do senador John McCain, na semana passada. Disse a ele que o avião seria considerado, se houvesse uma manifestação explícita do Congresso americano de que não haveria veto à transferência de tecnologia de componentes do caça. Até aqui, argumenta, a garantia é do governo dos Estados Unidos. O senador americano disse que conseguirá uma carta com manifestação do Congresso americano. A instituição já aprovou a proposta da Boeing, mas pode haver vetos no futuro.
O maior derrotado no processo, contudo, é Jobim, que buscava uma decisão rápida. Ele defende a consonância com a parceria já estabelecida com a França, que vendeu submarinos e helicópteros por mais de R$ 20 bilhões no ano retrasado.


Fonte: Folha 20/01/2011
Por: VALDO CRUZ (DE BRASÍLIA); IGOR GIELOW (SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA);
ELIANE CANTANHÊDE (COLUNISTA DA FOLHA)


Dilma dividirá com Conselho de Defesa desgaste sobre caças

Empenhada em minimizar o desgaste provocado pela compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), a presidenta Dilma Rousseff só vai anunciar uma decisão final sobre o negócio depois de obter um parecer do Conselho de Defesa Nacional. Alvo de pressão internacional por uma definição, Dilma deve convocar uma reunião do órgão especificamente para tratar do assunto, depois de concluir a análise do relatório que encomendou ao Ministério da Defesa sobre a negociação.

Previsto na Constituição, o Conselho de Defesa Nacional tem a tarefa de assessorar a presidenta em questões relacionadas à segurança nacional. Na prática, o órgão permitirá a Dilma dividir a responsabilidade e o desgaste internacional que possa resultar da escolha com membros de sua própria equipe de governo. Isso porque, por lei, o conselho é formado pelo vice-presidente da República, os presidentes da Câmara e do Senado, ministros militares, além dos ministros da Justiça, Relações Exteriores, Fazenda e Planejamento.

Dilma reacendeu a polêmica sobre a compra dos caças na semana passada, ao suspender o processo de escolha para estudar a fundo as três propostas colocadas na mesa – a da francesa Dassault, que produz o caça Rafale; a da americana Boeing, fabricante do F-18 Super Hornet; e a da sueca Saab, que fornece o Gripen NG. A expectativa, agora, é de que a escolha do modelo que vai equipar a FAB demore pelo menos de quatro a seis meses para sair. O negócio, quando for concluído, pode se aproximar da casa de R$ 10 bilhões.

Nos últimos dias, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, empenhou-se em negar a versão de que Dilma tenha a intenção de recomeçar do zero a negociação, cogitando inclusive a possibilidade de receber novas propostas. A versão oficial é a de que a presidenta pediu apenas para conhecer melhor o tema antes de se pronunciar, já que herdou a negociação iniciada pelo antecessor Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com interlocutores do governo, entretanto, o freio nas negociações com a França foi acionado meses atrás, pelo próprio Lula. Ele sempre manifestou abertamente sua preferência pelo Rafale e chegou a sugerir que faltava apenas dar caráter formal à parceria. Mas o ex-presidente, segundo aliados, teria se incomodado com a postura adotada pelo colega francês Nicolas Sarkozy na época em que foi anunciado o acordo nuclear firmado entre Irã, Brasil e Turquia no ano passado.

A decisão de Dilma de reavaliar as negociações provocou reação imediata do governo francês, que esperava uma definição favorável ao Rafale. Ao mesmo tempo, reacendeu o discurso norte-americano em favor do F-18. Nomes como o senador John McCain, que esteve com Dilma neste mês, e a própria Boeing voltaram a flertar com promessas sobre a transferência de tecnologia para o Brasil – principal diferencial da proposta francesa.
No Ministério da Defesa, entretanto, ainda predominam os argumentos em favor do avião francês. O mais usado é o de que, mesmo que a Boeing aceite dividir com o Brasil a tecnologia envolvida na produção do F-18, o Congresso americano tende a barrar qualquer iniciativa nesse sentido.

Fonte: Portal IG
Por: Clarissa Oliveira e Ricardo Galhardo

Nenhum comentário:

Postar um comentário