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domingo, 30 de janeiro de 2011

Al-Jazeera é importante contrapeso que amedronta regimes árabes


A emissora de televisão do Qatar Al-Jazeera, que neste domingo foi proibida de trabalhar no Egito, é um fundamental contrapeso em prol da liberdade de expressão, reprimida por muitos regimes árabes, que temem a atuação da rede e chegam a acusá-la de atiçar os protestos.

O ministro da Informação do Egito, Anas El Fekki, proibiu a Al-Jazeera, que estava cobrindo amplamente as manifestações contra o regime do presidente Hosni Mubarak, anunciou neste domingo a agência oficial Mena.
A Al-Jazeera respondeu que esta decisão pretendia "calar o povo egípcio".



Além de cobrir exaustivamente a mobilização contra o regime de Mubarak, que está no poder desde 1981, o canal divulgou no sábado uma mensagem do teólogo do Qatar de origem egípcia e conselheiro da Irmandade Muçulmana, Yusef Al-Qardaui, pedindo a renúncia de Mubarak.

"Os governos árabes acusam a Al-Jazeera de impulsionar os protestos de ruas, e têm toda a razão, mas essa acusação é uma honra", disse um universitário dos Emirados Árabes Unidos, Abdel Khaleq Abdallah.

"Sem dúvidas, a Al-Jazeera influenciou significativamente na revolução tunisiana e nas manifestações no Egito", completou.

O canal de TV, fundado em 1996 pela decisão do Qatar, um rico emirado que conta com importantes reservas de gás, já teve problemas com outros regimes árabes.
Assim, o presidente do Iêmen, um país no qual também houve manifestações contra o governo, ligou para o emir do Qatar.
O presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos, pediu nessa ocasião ao emir Hamad Bin Khalifa Al Thani que interviesse diante da Al-Jazeera para evitar "a provocação, a falsificação dos fatos e o exagero" sobre as manifestações, segundo a agência oficial iemenita Saba.

Os detratores da emissora de TV afirmam que esta atua como caixa de ressonância das ideias islâmicas mais radicais e que carece de imparcialidade.
Para o analista libanês radicado em Londres Abdalah Badrajan, a cobertura da Al-Jazeera no Egito diferenciou-se da realizada durante os primeiros dias dos protestos na Tunísia contra o presidente Zine El Abidine Ben Ali, que acabou fugindo para a Arábia Saudita em 14 de janeiro, depois de 23 anos no poder.

"Na Tunísia, a Al-Jazeera acompanhou o que acontecia nas ruas, enquanto que no Egito ficou atrás", afirmou Badrajan.

"Nos primeiros dias, ficou claro que não estava disposta a cobrir o que ocorria no Egito da mesma forma que tinha coberto o ocorrido em Túnis", mas depois reforçou a cobertura, completou.

"Nos primeiros dias, ficou claro que não estava disposta a cobrir o que ocorria no Egito do mesmo modo que tinha coberto o ocorrido em Túnis", mas depois reforçou a cobertura, completou.

Isso seguramente deve-se à "recente reconciliação de Qatar com o presidente egípcio", depois que o Cairo acusou Doha de usar o canal via satélite para criticar a política do governo do Egito, particularmente em matéria de relações com Israel.

Em momentos em que a mobilização estava iniciando no Egito, a Al-Jazeera seguia dando primazia às controvertidas revelações sobre a posição da Autoridade Palestina nas negociações com Israel.

O principal negociador palestino com Israel, Saeb Erakat, tinha acusado a Al-Jazeera de realizar uma "campanha" cujo fim era "derrotar a Autoridade Palestina" do presidente Mahmoud Abbas.
O canal tinha revelado que em 2008 os negociadores palestinos estavam dispostos, entre outras coisas, a realizar concessões sobre Jerusalém Oriental, ocupada em 1967 e posteriormente anexada por Israel.
A Al-Jazeera também foi suspensa em outubro no Marrocos, e teve problemas na Jordânia e Bahrein.


Fonte: AFP

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